segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

O PEÃO

Cuiabá é hoje uma capital regional. Possuímos um número significativo de indústrias, de prestadores de serviços, uma população razoavelmente grande de universitários e, principalmente, de formadores de opinião. Está tão desenvolvida a minha cidade que seremos sede de um dos grupos da Copa do Mundo! E estamos muito bem classificados no livro dos recordes!

Observo, entretanto, que apesar de todos esses avanços, que devemos aos “nossos políticos”, há espaços que precisam ser preenchidos, ou revistos. Se eu tivesse cacife político, iria sugerir aos governos, instituições privadas e, principalmente, à poderosa Federação das Indústrias, modificações no perfil dos conferencistas que fazem ponto aqui o ano todo - geralmente do eixo Rio-São Paulo. Na sua grande maioria são profissionais de grande visibilidade na mídia. Com um bom cachê desfilam nos nossos lotados auditórios: treinadores de futebol, artistas, políticos aposentados, jornalistas de grandes redes de televisão e escritores de auto-estima.

Se pudesse convidaria para palestras, antes das eleições: Domenico De Massi e Bill Gates. O primeiro – Domenico, autor de O Ócio Criativo - iria ensinar que a eficiência e qualidade dos serviços independem das horas em que o funcionário permanece na empresa. Segundo De Massi o resultado de um bom trabalho, muitas vezes, nasce do ócio. O segundo - Bill Gates, fundador da Microsoft - iria escandalizar! A empresa que fundou e dirige é uma das maiores e mais eficientes do mundo. Possui milhares de funcionários. Não exige dos seus funcionários horários para trabalhar. Oferece todas as condições para tal, e a contra partida é apenas o resultado.

Veja bem! Domenico propõe o ócio criativo. Bill Gates cobra “apenas” resultados! Nenhum deles propõe que o trabalhador chegue às três horas da madrugada na empresa, fique o dia inteiro enfiando “peido no cordão”, como sinal de competência e garantia de bons resultados. E os dois são respeitados no mundo todo pelas suas idéias revolucionárias!

Aqui pelas nossas bandas estamos ainda no período da Inquisição, do fuxico e puxa saquismo. O pior é que essas sumidades administrativas têm diploma de curso de auto-estima e são pessoas religiosas - sempre apelam para Deus diante de uma pequena dificuldade. Este tipo de trabalho já foi até abandonado pelo peão de botina das nossas fazendas!

Esquecem os truculentos mentais que, “metade do trabalho realizado neste mundo, é para fazer as coisas parecerem o que não são”.

Gabriel Novis Neves
15/01/2010

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