sábado, 9 de janeiro de 2010

Venda de rua

Nos últimos dias a imprensa de Cuiabá vem dando destaque a venda de uma rua no bairro do Porto. A prefeitura (vendedora) se defende: a transação imobiliária da venda da curva do Cotovelo ao supermercado é de interesse público. A mídia, por seu lado, defende a parte sentimental: com a transação, ocorre uma desomenagem ao cidadão que deu nome à rua. O homenageado era meu conhecido no bar do meu pai, e, entre as suas inúmeras especialidades, uma era a beleza das suas filhas. Na minha idade nada mais me surpreende na área política.

O meu pai faleceu em 1982 e um vereador não cuiabano, da Câmara Municipal do Arraial do Senhor Bom Jesus de Cuiabá, resolveu homenagear o velho Bugre do Bar. Apresentou um projeto de lei com o nome de batismo do meu pai – Olyntho Neves. A aprovação pelo plenário da Casa foi por unanimidade. Depois o Prefeito homologou a decisão da Câmara. A nossa família foi comunicada oficialmente. A rua ficava no recém inaugurado Bairro Jardim das Américas, ao lado da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). A intenção do vereador não cuiabano, ex-aluno da UFMT, foi homenagear um homem íntegro, grande educador, colocando o seu nome ao lado da UFMT, onde o seu primogênito foi o seu Reitor Fundador.

Dou um prêmio a quem encontrar a Rua Olyntho Neves no Bairro Jardim das Américas! Houve uma emergência política e o nome do meu pai foi simplesmente deletado do local. Com esta revelação, não entendam que estou reclamando da usurpação e humilhação de uma homenagem. O meu pai não precisa ser nome de rua, avenida, ponte, edifício, rodoviária para ser lembrado pelos seus filhos.

Estes fatos ocorrem e sempre ocorreram em Cuiabá.

Gabriel Novis Neves
03/01/2010

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