terça-feira, 23 de dezembro de 2025

NATAL NA INFÂNCIA


Fui criado em casa de católicos praticantes, mas sem o hábito de reunir a família na noite de Natal para esperar o nascimento do menino Jesus, filho de Maria e José, que veio ao mundo para nos salvar.

 

O meu pai trabalhava na noite de Natal, e só retornava para casa depois da Missa do Galo, celebrada na Catedral Metropolitana de Cuiabá por Dom Aquino Correa, com o coral dos clérigos salesianos, órgão tocado por Zulmira Canavarros e o soprano de sua filha Maria.

 

Mamãe ficava em casa cuidando da filharada que dormia cedo.

 

Naquele tempo fui ensinado a escrever carta ao Papai Noel pedindo presentes.

 

Minha mãe recolhia as cartas e dizia que na noite do dia 24 ele iria trazer enquanto dormíamos.

 

Dizia-nos que ele vinha do Céu e entraria pela chaminé da cozinha quando a nossa casa estava fechada, e colocaria nossos pedidos debaixo das nossas camas ou dentro dos sapatos.

 

Quando meu pai voltava do bar, ele e minha mãe, em voz baixa, colocavam os presentes, com todo cuidado para não nos acordar ou confundir o remetente.

 

Assim foram as minhas noites de Natal, até eu me casar.

 

Nunca assisti a uma Missa do Galo e tudo que sabia era por conversas da rua.

 

Em casa nunca tivemos ceia de Natal, distribuição de presentes e confraternizações.

 

Minha mulher, católica, sempre reuniu a família, irmãos, sobrinhos, amigos, na ceia da noite de Natal, tradição que passou aos filhos e netos.

 

Vou passar o Natal na casa da minha filha, com filho, genro, nora, netos, familiares e bisnetos.

 

Haverá ceia, decoração natalina, troca de presentes, músicas e muita alegria.

 

Acho tudo tão diferente dos meus tempos de criança, quando acreditávamos em Papai Noel, hoje uma profissão rendosa!

 

Sinto-me deslocado no meio da multidão, pois Natal para mim, significava meu pai trabalhando no bar.

 

Gabriel Novis Neves

22-12-2025




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