Publico diariamente uma crônica sobre o cotidiano, quase sempre acompanhada por uma flor do jardim da minha cobertura.
Curiosamente, há dias em que os comentários se detêm mais na beleza das flores do que no texto escrito.
Hoje, substitui a flor por um pé de jabuticaba do jardim, carregado de frutos maduros.
Os comentários foram unânimes: elogios às pequenas frutas pretas, deliciosas quando consumidas ao natural.
Acredito até que minha crônica sobre ‘Perguntas Repetidas’ tenha sido lida, mas o encantamento maior ficou mesmo com a beleza das jabuticabas do meu jardim.
Sempre convivi com flores, árvores e seus frutos.
Achava tudo isso absolutamente normal, pois as casas cuiabanas, com seus quintalões generosos, eram uma verdadeira festa para os olhos: árvores frondosas, chão úmido, sombras onde o sol raramente penetrava.
Ruas, avenidas e praças eram fartamente arborizadas, muitas delas com árvores frutíferas à disposição de todos.
Para os mais novos — que talvez não saibam — a rua de Cima, entre o bar do meu pai e a rua Cândido Mariano, tinha árvores em suas calçadas, protegendo do sol da tarde o Bar do Bugre, o Bar Pinheiro, a Prefeitura e a Câmara Municipal, o Café Suave e o Bar Sargentini.
No meu retorno à cidade natal, fui trabalhar como Diretor do Hospital Estadual Psiquiátrico, no Coxipó da Ponte.
Minhas duas primeiras obras foram a construção de um jardim interno no pátio de recreação e outro na entrada social do hospital.
Mais tarde, na implantação da nossa Universidade Federal, transformei sessenta hectares de cerrado em áreas de mata alta, criando sombras generosas entre os prédios de concreto.
Essa paixão pelas plantas herdei do meu bisavô materno, gaúcho, militar engenheiro, responsável pela construção do primeiro Jardim Público de Cuiabá, inaugurado como Praça Alencastro.
À época, o presidente da República era o Marechal Deodoro da Fonseca; o diretor das obras do Exército, o engenheiro militar Floriano Peixoto; e o governador de Mato-Grosso, o coronel Alencastro.
O avô do meu pai era Américo de Vasconcelos, que veio acompanhado de esposa argentina Leonarda e da filha única, Eugênia, carioca.
Eugênia casou-se com Gabriel de Souza Neves, com quem teve quinze filhos: dez homens e cinco mulheres.
Adoro jardins, plantas, árvores, flores e frutas.
Elas também ornamentam minhas crônicas.
Gabriel Novis Neves
29-12-2025
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