Existem pessoas altamente tituladas que não sabem esperar, pedir licença ou agradecer.
A vida segue exigindo provas que a universidade não aplica.
As coisas elementares da existência aprendemos em casa; a universidade, muitas vezes, passa ao longe.
A verdadeira universidade da vida está nas ruas, praças, bosques, cinemas, teatros, asilos e hospitais.
É nesses espaços que se aprende aquilo que nenhuma sala de aula ensina.
Esperar, pedir licença e agradecer são virtudes forjadas no convívio coletivo e revelam uma educação que não aparece no diploma.
Quem melhor definiu o ato de esperar foi o jogador Romário, campeão mundial.
No ônibus do clube que levava os atletas aos jogos, os assentos da janelinha eram reservados aos craques.
Dali, observavam o caminho das ruas e a chegada aos estádios.
Certa vez, ao entrar no ônibus, Romário encontrou todas as janelas ocupadas por jovens aspirantes ao time principal.
Aproximou-se de um deles e pediu o lugar: — você está chegando agora ao clube e já quer sentar na janelinha?
E completou: — você precisa aprender a esperar.
Quando for jogador do time principal, terá esse direito.
Na vida é assim.
Existem caminhos mais longos e outros mais curtos.
Conclui meu curso de Medicina no Rio de Janeiro.
Tinha condições excepcionais de permanecer ali, tornar-me professor e manter um consultório disputado.
Meu pai, porém, aconselhou-me a voltar para cá, onde a fila era curta e, em pouco tempo, eu estaria entre os melhores médicos da cidade.
Ele tinha razão.
Da minha turma, ocupei cedo a janelinha do ônibus da vida, enquanto muitos colegas permaneceram esperando.
Na pequena cidade onde nasci e cresci até os dezessete anos, todos pediam licença e agradeciam por qualquer gentileza.
Esse hábito não era comum na cidade grande, apesar de suas universidades e faculdades.
Como foi bom ter nascido no interior e ter sido educado em casa!
Gabriel Novis Neves
13-12-2025
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