TELEFONEMA

Não existe nada mais triste quando tudo está bem com você e recebe telefonemas de parentes ou amigos com más notícias de pessoas queridas.

É um que se internou às pressas na UTI de um hospital de Cuiabá, outro, meu colega de medicina da turma de 1960 no Rio de Janeiro.

Este me informou que “entregou os pontos”, estando no final e pedindo que essa fase não seja duradoura com sofrimentos.

Só se sente bem em casa, deitado na cama.

Não lê, pois lhe dá tonteira, e fica bem quando se deita.

Resiste a ir a um Pronto Atendimento de um excelente hospital que fica próximo à sua casa e, por ser médico, acha que ninguém sabe nada.

Tem pavor aos remédios e se for ao médico ele irá receitar e isto lhe faz mal.

Acha que somos um animalzinho que quando se sente mal, deita-se.

“É o meu remédio, passar o dia deitado, não tenho depressão e nunca usei ansiolíticos ou psicotrópicos."

"Após um longo período deitado na cama, quando levanto sinto-me melhor como o animalzinho” - diz ele.

Realmente é a estrada final que todos nós iremos percorrer, pois a vida uma estrada.

Para uns, a estrada é curta, outros, como o meu caso, é longa, porém até hoje bem suportada e não avistando ainda o seu fim.

Antigamente tínhamos receios de receber telegramas, hoje de chamadas telefônicas.

Os serviços dos Correios e Telégrafos pouco utilizamos diferentes das chamadas pelo celular.

Dizem que as crianças nascem mais à noite e de madrugada, na época dos partos normais.

As más notícias sempre acontecem no horário que nasciam as crianças de antigamente, à noite.

E assim é a vida.

“Nascemos chorando com todos sorrindo e partimos com todos chorando e eu sorrindo”.

Verdade que prova que a vida após o término da estrada é bem melhor.

No plano espiritual para onde todos vamos, não existe diferenças de raças e idade e seremos iguais, livres de todas as misérias do mundo.

Gabriel Novis Neves

10-09-2023