domingo, 17 de setembro de 2023

CASA DO NHÔ-NHÔ DE MANDUCA


Se alguém perguntar onde fica a casa de Nhô-Nhô de Manduca, com certeza a maioria das pessoas de Cuiabá não saberia responder; porém se a pergunta for sobre a casa da Bem-bem, poucos deixarão de responder corretamente.


Bem-bem se tornou uma instituição em Cuiabá.


Nasceu, cresceu, namorou, casou, teve filhos, alguns casaram e moraram por algum tempo ainda no casarão da rua do Campo (Barão de Melgaço).


Bembem adoeceu, morreu, seu velório foi em casa e de lá só saiu para ser enterrada no Cemitério da Piedade, onde descansa em paz.


Nossa história familiar se conecta através do Dr. Augusto Novis, baiano de Salvador, médico da primeira escola de medicina do Brasil, era recém-formado e foi aprovado como médico da Marinha Imperial.


Foi destacado pelo Imperador para servir em Cuiabá por ocasião da Guerra do Paraguai (1864-1870).


O Dr. Augusto Novis casou-se com a cuiabana Maria da Glória Leite Novis (Nharinha) e deixou doze filhos entre homens e mulheres.


Uma das suas filhas – Cordolina Novis era conhecida como Codó.


Casou-se aos dezenove anos com o capitão Antônio Pedro Marques de Figueiredo e ficou viúva depois de quarenta e sete anos.


Tia Codó faleceu com setenta e quatro anos e estava cega.


Foi ela um símbolo de resignação e de fé, esteio de tantos com os olhos perfeitos, no dizer da sua neta Lourdes da Silva Ramos.


“A riqueza da sua espiritualidade a todos encantava. Os olhos da alma a faziam enxergar mais longe... A sua vida foi um exemplo de virtudes e de otimismo”, escreve Pedro Novis Neves em seu livro Raízes do Passado.


Ao falecer, assim disse o meu avô Alberto Novis, “... perdemos uma irmã querida, mas o Céu ganhou uma nova Santa”.


Deixou treze filhos.


Sua filha caçula era Constança de Figueiredo Palma (Bem-bem).


Casou-se com Manoel Rodrigues Palma Filho e o casal deixou quatro filhos: Maria Angelina, Manoel Antônio, José Augusto e Constança.


Pesquisei “Raízes do Passado” de Pedro Novis Neves sobre o casarão da rua do Campo, onde conheci tia Codó, sempre sentada em uma rede presa em argolas, na parede do seu espaçoso dormitório com amplas janelas para a rua.


Ela ficava balançando na bela rede artesanal e adorava conversar.


Sabia de tudo que acontecia na cidade, embora cega.


Conheci a casa da tia Codó assim que mudamos para a rua do Campo em 1950.


Ficava próxima à minha casa, e eu chamava o local de casa de Nhô-Nhô de Manduca, onde morava tia Codó.


Bembem era uma pessoa muito querida de Cuiabá, admirada por todos.


Estava sempre alegre e conversando com todo mundo, sendo a sua casa um abrigo seguro a todos os necessitados.


Com o falecimento dos seus pais, o casarão festeiro, passou a ser chamado pelo povo de casa da Bem-bem, embora o imóvel pertencesse aos treze filhos do casal.


A Casa da Bembem pertence ao Patrimônio Histórico da União, e foi totalmente restaurada pelo Governo.


No local são desenvolvidas uma série de atividades culturais e artísticas regionais, e é uma Casa da Cultura.


O povo continua, porém, chamando o local de Casa da Bem-bem.


Gabriel Novis Neves

10-08-2023























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