MEU DIA DE SORTE

Considero o dia 31 de julho como o “meu dia de sorte”.

Há exatos cinquenta e nove anos retornei do Rio de Janeiro médico, casado com Regina e com Monica prestes a nascer.

Vinha exercer a minha profissão, tão sonhada por mim e pelos meus pais.

Só depois de passados tantos anos tenho condições de afirmar com muita convicção sobre o “meu dia de sorte”.

Poderia não ter dado certo essa minha decisão, por uma série de fatores, especialmente a não adaptação da minha mulher, que era argentina-carioca.

Cultura diferente é um forte fator de rejeição e o mais temido por mim.

A Regina nunca se opôs à minha decisão de morar em Cuiabá, tornando-se com o tempo cuiabana.

Foram anos felizes de muito trabalho junto à Regina.

Tudo de bom que tinha que acontecer em minha vida aconteceu contando com muita sorte.

Meus três filhos são cuiabanos, todos nascidos na Maternidade de Cuiabá, com diplomas universitários – Direito, Odontologia e Medicina.

Fui Diretor de um Hospital Psiquiátrico sem ser psiquiatra.

Secretário de Educação estadual sem nunca ter lecionado.

Reitor para implantar a nossa Universidade Federal de Mato Grosso, numa cidade que não possuía universidade e nem campus universitário.

Contei com o apoio de Deus e muita sorte para bem cumprir essas missões.

31 de julho marca também aniversário da “barata voadora”, o inseto que entrou em meu dormitório para me avisar que tudo daria certo com o meu retorno para Cuiabá. 

Já escrevi várias crônicas sobre essa incrível “barata voadora” da noite de 31 de julho de 1964.

Não faço numerologia para saber meu dia de sorte, não leio mãos, não acredito em sonhos, mas tenho o sexto sentido que me mandava voltar à minha cidade natal.

Na ocasião a população de Cuiabá estava em torno de cem mil habitantes.

Tudo de bom para mim e minha cidade aconteceu depois.

Se eu tivesse permanecido na cidade que estudei, qual seria o meu dia de sorte, ou todos os dias seriam iguais?

Só Deus poderá responder!

Gabriel Novis Neves

31-07-2023