domingo, 3 de setembro de 2023

2020, O ANO QUE ENVELHECEMOS


A conhecida escritora e poeta cuiabana Sueli Rondon nos conta de forma dramática e correta, como enfrentou a pandemia do vírus que veio de longe (Covid 19).


“Até então era tudo festa e fantasia!


O tempo não nos havia colhido nem arremessado nossos sonhos porta afora.


Sentíamo-nos jovens de corpo e espírito!


Organizávamos festas, e no afã de desfrutá-las, ungíamo-nos de energia boa, viçosa, relembrando outras festas de outrora, tentando esta ser ainda melhor que aquela.


E assim, sem se fazer anunciar, ainda guardando as lembranças do réveillon em caixas coloridas no maleiro do guarda roupa, fomos surpreendidos, defenestrados, pela notícia horripilante da morte anunciada, nas esquinas, nas ruas, nos bares, e nos encontros da vida.


Somos criaturas de risco, anunciavam!


Mas como?


Se ainda quero dançar o yê yê yê, o rock'in roll?


Se minhas pernas e meus dedos insistem em tamborilar no batuque de uma boa roda de samba?


Quando foi que morri e não me avisaram?


Engodo, enganação, não é não.


Amigos se foram no romper da madrugada, e não sei o que é melhor!


Ter partido, ou ter ficado aqui lamentando os que partiram.


O medo do amanhã nunca foi tão assombroso, o riso e a piada perderam a graça, os encontros com amigos adiados para não sei quando.  


Alguns encontros raros, aqui e acolá, com máscaras, luvas e álcool em gel, tentando um fingimento de normalidade, quando a mortalidade nos espreita.


E o que deixaremos para a posteridade?  


O medo do toque com a mão, um espirro um susto então.


As lojas antigas fechadas, no ar desolação!


A certeza de que nada mais será como antes. 


Será que com isso aprendemos uma grande e forte lição”?


Gabriel Novis Neves

24-08-2023




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