Com a idade o meu cérebro foi transformado em um minador de ideias que escorrem pelas suas sinapses, atingindo profundamente a minha sensibilidade, chegando as emoções.
Essa maravilha que é o minador de ideias sempre existiu.
Eu é que não tinha tempo de usufruir dessa dádiva da qual sou possuído, despertando o desejo em mim de escrever.
Bem ou mal, tento passar para o papel as minhas emoções verdadeiras, para que o fio da água do minador prossiga no seu destino.
Como é bom ter tempo no mundo atual, quando ninguém mais pensa e o trabalho é feito pelas máquinas!
Quando criança brincava muito com meus pensamentos, e durante meu tempo de vida dedicada ao trabalho braçal da medicina, pouco me sobrava para me dedicar aos meus pensamentos e emoções.
Chego até a acreditar que essa fase que vivo, de mais de 88 anos, seja a melhor, pois as pessoas não me veem assim e abusam de brincar comigo.
Nunca fiquei refém das emoções como agora, quando posso demonstrar que o meu cérebro é o riacho origem de tudo que sou, para prazer do meu primo neurologista Sérgio Novis.
Quando escrevo sobre o coração, símbolo do amor, ele grita lá do Rio de Janeiro, onde mora, que essas prerrogativas são do cérebro!
É um defensor intransigente das sinapses cerebrais como as únicas transportadoras das emoções para o corpo todo, inclusive para o coração, que as terceirizam.
Como é bom brincar de escrever sobre coisas sérias, como o funcionamento do corpo humano.
A nossa imaginação é muito fértil e é a nossa grande companheira, quantas vezes passamos no papel.
A psiquiatria trabalha muito com a imaginação e nos ensina a tirar proveito dela, evitando a cair nas neuroses, que não tem cura.
“Quem canta seus males espanta” é um velho ditado popular cheio de sabedoria.
Eu completaria dizendo que quem escreve esquece da vida, ficando flutuando em seus sonhos nunca realizados.
A força da imaginação é a criadora das coisas boas da nossa vida, sem traumas.
Gabriel Novis Neves
30-08-2023
VÍDEO: Olho d'água, uma nascente de agua doce que tende a fluir rumo ao mar.
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