Quando
estudante no Rio de Janeiro meu caminho diário para o hospital era pela Avenida
Graça Aranha. Nesta avenida tinha um teatro que, por vários anos exibiu a peça
o “Auto da Compadecida” do dramaturgo Ariano Suassuna.
Logo
me interessei pela obra do autor, um intelectual paraibano que, além de
dramaturgo, era romancista, poeta, cartunista e desenhista.
Membro
da Academia Brasileira de Letras era reverenciado em todo o país. Muitos de
seus trabalhos foram publicados no exterior.
Nos
últimos anos da sua vida era convidado para palestras em Universidades e Casas
de Cultura.
Há
poucos dias, assistindo a uma reprise do programa do Jô Soares, gravado em
2007, com Suassuna sendo o entrevistado, descobri o grande humorista que
recentemente o Brasil perdeu.
Em
sessenta minutos de perguntas e respostas inteligentes, aprendi a valorizar
ainda mais o homem de cultura que tinha a cara da humildade.
Fatos
simples do nosso cotidiano eram transformados por Suassuna em pérolas do mais
valioso e refinado humor.
Durante
o seu “show” não utilizou nenhuma palavra de baixo calão. Presenteou-nos com o
relato de várias histórias hilariantes. Todas narradas em um linguajar
elegante, simples, compacto, sem ofender nem agredir ninguém.
Ouvir
o paraibano-pernambucano é esquecer por alguns instantes do mundo de idiotas em
que vivemos.
O
sertanejo culto era tão seguro daquilo que representava na nossa cultura, que
não mudou o seu modo de vestir ou falar.
Uma
lástima que, por pura ignorância, só vim a descobrir o humor do dramaturgo no
seu testamento revelado pelo programa do Jô.
Gabriel
Novis Neves
04-08-2014
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