Fui
criado na crença de que o mês de agosto é o mês do desgosto.
Nunca
me preocupei com essa crença, e fui levando a vida sem marcas do mês perigoso
para os crédulos em desgraças.
Ao
entardecer do meu ciclo vital, procurando cuidar da minha saúde, encontrei o
agosto que nunca gostaria de ter vivido.
Excesso
de cuidados médicos também faz mal à saúde, especialmente a emocional.
Internei-me
em um hospital de variadas clínicas, as mais indicadas para a minha idade, sem
apresentar sintomas - a não ser o excesso de peso em meus joelhos lesionados
pelo tempo de uso.
Logo
que cheguei ao hospital submeti-me a vários exames laboratoriais para serem
comparados com os realizados há quatro meses.
Com
a solidão do ambiente passei a enxergar tudo com lente de aumento.
Preocupações
surgiram e, pela primeira vez, senti o sabor do desgosto em agosto.
Meus
dias de relax foram destinados às visitas às clínicas.
Após
quinze dias de internação solitária, experiência primeira, desejo esquecer
rapidamente este mês, mas isso só será possível quando repetir todos os exames
aqui e obtiver o parecer médico.
Espero
que tudo seja uma “esmeraldite”, doença que só acomete médicos, especialmente
idosos, e foi para mim uma das mais dolorosas experiências.
Sei
que um dia o meu ciclo vital irá se fechar. Porém, não discuto com a sabedoria
de quem criou este mistério, que é a impossibilidade de saber quando.
O
sofrimento pela procura de problemas funcionais congênitos e hereditários é
muito grande. Sentimento que não pretendo mais experimentar a esta altura da
minha caminhada, e também não desejo a ninguém.
A
primavera está chegando, e com ela uma nova vida com muita esperança de
renovação da natureza e dos homens.
O
inverno, que tantos dissabores nos trouxe, ficará esquecido até o ano que
vem...
Gabriel
Novis Neves
27-09-2014
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