terça-feira, 23 de setembro de 2014

IMPREVISTOS


O próprio sentido da palavra já é questionável para os habitantes do planeta Terra.
Como prever alguma coisa nesse mundo de incertezas que vivenciamos todos?
Talvez seja até isso o que torna a vida tão fascinante.
Apenas os muito ansiosos passam a vida tentando explicar e administrar todos os acontecimentos à sua volta.
Vivemos de momentos, e não de fórmulas resolvidas visando o bem-estar perene.
Muito sofrem os que visam controlar e gerenciar as emoções e as experiências alheias. Fazer isso com as nossas próprias já é uma tarefa quase impossível.
Como faz parte da nossa genética procurar zonas de conforto, absorvemos mal os imprevistos, pois não somos condicionados a acreditar que viver é sempre correr grandes riscos.
Somos, ao contrário, levados a buscar a felicidade nos velhos aprendizados das belas histórias do “felizes para sempre”.
A decepção é inevitável na vida adulta quando descobrimos que não é assim que funciona a engrenagem.
A tão falada sabedoria da velhice está apenas na capacidade que adquirimos em não brigar com o novo. É exatamente aprender  nessa metamorfose diária que permite que nos tornemos pessoas mais tranquilas.
Os idosos, como têm muito mais passado que futuro, passam a escancarar o presente com toda a sua força, vivendo dessa maneira mais intensamente, pelo menos mentalmente, os que  conseguiram conservar as suas faculdades.
Passam a não se levar tão a sério, na profunda compreensão de que somos apenas poeiras no espaço movido por energias incontroláveis.
Benditas palavras: “ah, se os jovens soubessem e os velhos pudessem”...
A juventude com a sua sofreguidão vive de planos preestabelecidos como imutáveis e, por isso, se frustra tão mais frequentemente.
A vida nos ensina que cada pessoa é única na sua individualidade. Tentar mudá-la é mais difícil que  quebrar um átomo de carbono.
Tudo o que temos de fazer é entendê-la e respeitá-la, tendo em vista as limitações  e os vários imprevistos que moldam as nossas vidas e pelos quais não temos a mais remota responsabilidade, mas que, com certeza, vão marcar para sempre os nossos comportamentos.

Gabriel Novis Neves
20-09-2014

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