Ainda
bem que longe se vão os tempos em que criança não tinha voz ativa e muito menos
era consultada sobre suas preferências.
A
hierarquia era bem nítida. Os pais, ou tutores, mandavam, e os filhos obedeciam
sem questionamentos.
Em
sala de aula os professores eram autoridades máximas. Eram respeitados e,
muitas vezes, temidos, pois não toleravam indisciplina. Chegavam mesmo a impor
castigos físicos àqueles mais rebeldes.
Os
mais antigos ainda se recordam da famosa palmatória, fonte de tortura para crianças
menos disciplinadas.
Nas
últimas décadas tudo isso foi substituído por uma permissividade abusiva em
nome de novos conceitos pedagógicos.
Como
porteiras abertas subitamente são sempre muito perigosas, passamos a observar
crianças sem qualquer tipo de limite sendo transformadas em adolescentes
problemáticos nos lares e, principalmente, no mundo, cujas regras costumam
cobrar caro de quem as contrariam.
O
que não foi aprendido em casa é devolvido com muitos traumas e sofrimentos.
A
inversão foi de tal ordem que em algumas famílias o que se vê são filhos
mandando nos pais e afrontando-os, sem qualquer tipo de controle que, em certos
casos, chega à violência física.
Os
pais, sobrecarregados de trabalho que os
tempos modernos impõem, foram se tornando cada vez mais omissos em relação a
essa permissividade.
Formou-se
um círculo vicioso, em que, quanto mais omissão, mais rebeldia e mais violência
familiar.
Daí,
o surgimento de algumas leis que tentam por ordem na casa. Temos, por exemplo,
a Lei Maria da Penha, que visa coibir a violência contra a mulher.
Mais
recentemente veio a “Lei da Palmada”,
contra o abuso de truculência contra crianças.
Entendemos
perfeitamente que um país como o nosso, com baixo nível de educação, medidas
drásticas tenham de ser tomadas para que os excessos sejam contidos.
Entretanto,
passar isso para a educação em geral me parece meio ditatorial.
Algumas
crianças, mais temperamentais, têm de ser contidas nos seus primeiros anos de
vida, não com agressões, mas com pequenos castigos que permitam o seu
condicionamento emocional ao mundo hostil que as espera.
Se
pequenas palmadinhas fizessem mal, estaríamos todos marcados para sempre, pois
foi o que não nos faltou quando crianças. Ao contrário dos dias de hoje, não
éramos deprimidos e nem entediados com os brinquedos infantis os mais singelos.
O
que se vê atualmente são pais tentando preencher o tempo infantil com tarefas
ininterruptas, tirando dos filhos a época mais importante da vida, responsável,
inclusive, pelo ócio criativo, tão importante a um bom desenvolvimento
emocional e físico.
Lamentável
que tenhamos um nível de educação tão baixo, que seja necessária a criação de
uma legislação para determinar o modo como devemos criar os nossos filhos.
Não
seria muito mais fácil e mais proveitoso oferecer às crianças educação gratuita
e obrigatória, pelo menos nos dez primeiros anos de vida?
Ela
estaria na escola recebendo conhecimento e adquirindo valores, enquanto seus
pais ou responsáveis estariam lutando por sua sobrevivência.
Gabriel
Novis Neves
02-09-2014
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