quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Mundo conflitado


Tanta tecnologia, tantas novas descobertas e avanços, não parecem  desestimular os distúrbios mundiais, cada vez mais acirrados e disseminados.
Cenas de violência se propagam pelo mundo afora, como uma epidemia.
Afinal, será que em algum momento, a humanidade viveu momentos de paz, onde predominassem o amor e a ternura?
A história denuncia que não.
Nos dias atuais, a praga da violência se dissemina com a velocidade  de uma infecção virótica.
Conflitos  violentos na Síria, no Paquistão, no Afeganistão, na Ucrânia, na Tailândia, na Faixa de Gaza,  têm ceifado a vida de milhares de pessoas  e não parecem ter solução, apesar da forte repressão policial.  É como se a perda de vidas, cada vez maior, não interessasse a mais ninguém, nem aos próprios defensores de seus ideais.
Até a América Latina, depois de algumas décadas sem maiores tumultos, começa a viver momentos angustiantes.
As crises econômicas sucessivas e a demanda cada vez maior por igualdade social, aliadas  a governantes e políticos  despreparados e pouco compromissados  com a lisura das contas públicas, têm sido as maiores causas desses fenômenos.
Os nossos hermanos argentinos,  ora mergulhados numa profunda crise econômica, já ameaçam desestabilizar todo um grande bloco que com eles mantêm relações de importação e exportação. Isso sem falar no caos financeiro que já assola todo o país.
A Venezuela, apesar de líder em número de eleições na América do Sul, enfrenta problemas graves, exacerbados pela presença  de cerca de trinta partidos de oposição, que também disputam o poder entre si. Com tantas incongruências, as manifestações de rua são cada vez mais intensas e de mais difícil entendimento, dadas as inúmeras correntes de interesses.
Nós aqui, até então tidos como os mais ordeiros e os mais pacíficos, já não nos apresentamos mais com o mesmo perfil , e a violência e os protestos de rua tem sido constantes nos últimos meses , apesar de minimizados pelos poderes constituídos.
Entretanto, a população das grandes cidades brasileiras, já mudou a sua rotina de vida, principalmente no tocante à sua liberdade de ir e vir. Ruas desertas, assim que o sol se põe, mesmo nas cidades consideradas de veraneio, são o termômetro dessas mudanças.
Praias atemorizadas pelos arrastões de fim de semana, já são uma realidade no Rio de Janeiro, outrora cantadas em verso e prosa como berço de tranquilidade e beleza.
Isso sem falar dos rolezinhos nos shoppings, enfim situações nunca antes vividas pelos cariocas.
O mais inusitado, é que o poder político, em todos os recantos do mundo, tem se mostrado absolutamente ineficaz no combate a esses novos comportamentos da “carneirada”.
O advento da era digital trouxe uma conscientização súbita das massas populares e de toda a força que delas pode emanar, mesmo sem a necessidade de líderes, fato historicamente novo.
O momento mundial não é mais de coibir, mas de uma ação rápida, intensa e progressiva nas revisões econômicas sociais que diminuem as fortes desigualdades que permeiam o planeta terra.
Penso  que os poderes constituídos ainda não avaliaram bem a premência dessas mudanças, permanecendo inertes quanto à manutenção de seus privilégios.
Países mais desenvolvidos tais como a Suécia, a Dinamarca, a Holanda, fabricam políticos que funcionam como cidadãos comuns, vivendo em habitações de classe média, usando transporte coletivo, desfrutando de seus soldos para entretenimento e tendo salários compatíveis com as funções que exercem prazerosamente.
Sistemas de saúde e de educação de boa qualidade para todos, mantêm a população em níveis satisfatórios de vida.
Imagino que o momento é menos de repressão e mais de reformas urgentes que nos coloquem à altura dos avanços tecnológicos observados em todas as áreas e que viraram sonho de consumo para todos e não para uma minoria acobertada por privilégios de todo o tipo, que se locupleta cada vez mais do nosso erário.
O momento lúcido é de perder alguns anéis, e não como tudo indica, todos os dedos...

Gabriel Novis Neves
03-09-2014

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