Precisamos
combater a onda de pessimismo que nos últimos anos tem se abatido sobre o povo
brasileiro.
É
certo que as coisas não estão andando como gostaríamos, mas, quem sabe ainda
haja possibilidade de vislumbrar alguma luminosidade no fim do túnel?
Sabemos
que sentimentos negativos são responsáveis pela fabricação de enzimas tóxicas
para o nosso organismo, enquanto que os positivos nos enchem de endorfinas
propiciadoras de imenso bem-estar.
Essa
negatividade está mais presente na classe média, uma vez que os menos
abastados, mergulhados na sobrevivência do dia a dia, procuram dedicar o
pequeno tempo ocioso a coisas mais excitantes. Jogos de futebol da segunda e
terceira divisões, por exemplo, no nosso caso.
Filas
imensas foram formadas para a compra do ingresso para os jogos da Copa – apesar
do seu preço surreal.
Alguns
torcedores enfrentaram madrugadas geladas nessa busca. Teve até manifestação
com gritos de ordem: “Queremos fila padrão FIFA”.
Quanto
mais massacrado o ser humano, maior a sua necessidade de se
projetar em ídolos famosos que, de alguma maneira, o represente.
O
poder sempre soube disso. A preocupação
com o pão e o circo tem raízes históricas.
As
pessoas, de um modo geral, têm compromisso com o prazer, e momentos festivos,
como uma Copa do Mundo, são ideais para extravasar as suas necessidades.
Os
mais abastados compraram seus ingressos como se fosse para um show da Broadway.
Digamos
que esses jogos seguiram o mesmo movimento que se observa no Carnaval, que apesar de ser a maior festa
popular do Brasil a cada ano se transforma em festa para poucos.
Essa
comercialização dos circos tem se mostrado um bom filão de negócios, passando,
portanto, a figurar como evento para “gente grande”.
As
mídias, muito inteligentemente, apregoaram a todo o momento que a festa seria
na rua, e é para lá que todos foram.
Bela
tentativa para neutralizar a frustração de um povo que outrora lotava os
estádios. Apesar de seus minguados salários, sempre havia a possibilidade de
assistir aos jogos a preços simbólicos
na saudosa “geral”.
Outros
tempos, outros comportamentos...
A
festa da Copa foi um evento visando altos lucros. Dela participaram apenas uns poucos
privilegiados - no país dos privilégios.
É
preciso que tudo isso seja encarado de uma maneira histórica, coerente com o
momento socioeconômico que vivemos.
Se
não pudermos ficar otimistas, pelo menos que nos mostremos compreensivos.
É
melhor para a nossa saúde.
Gabriel
Novis Neves
04-08-2014
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