terça-feira, 16 de setembro de 2014

Pessimismo


Precisamos combater a onda de pessimismo que nos últimos anos tem se abatido sobre o povo brasileiro.
É certo que as coisas não estão andando como gostaríamos, mas, quem sabe ainda haja possibilidade de vislumbrar alguma luminosidade no fim do túnel?
Sabemos que sentimentos negativos são responsáveis pela fabricação de enzimas tóxicas para o nosso organismo, enquanto que os positivos nos enchem de endorfinas propiciadoras de imenso bem-estar. 
Essa negatividade está mais presente na classe média, uma vez que os menos abastados, mergulhados na sobrevivência do dia a dia, procuram dedicar o pequeno tempo ocioso a coisas mais excitantes. Jogos de futebol da segunda e terceira divisões, por exemplo, no nosso caso.
Filas imensas foram formadas para a compra do ingresso para os jogos da Copa – apesar do seu preço surreal.
Alguns torcedores enfrentaram madrugadas geladas nessa busca. Teve até manifestação com gritos de ordem: “Queremos fila padrão FIFA”.
Quanto mais  massacrado  o ser humano, maior a sua necessidade de se projetar em ídolos famosos que, de alguma maneira, o represente.
O poder sempre soube disso. A preocupação  com o pão e o circo tem raízes históricas. 
As pessoas, de um modo geral, têm compromisso com o prazer, e momentos festivos, como uma Copa do Mundo, são ideais para extravasar as suas necessidades. 
Os mais abastados compraram seus ingressos como se fosse para um show da Broadway.
Digamos que esses jogos seguiram o mesmo movimento que se observa  no Carnaval, que apesar de ser a maior festa popular do Brasil a cada ano se transforma em festa para poucos.
Essa comercialização dos circos tem se mostrado um bom filão de negócios, passando, portanto, a figurar como evento para “gente grande”. 
As mídias, muito inteligentemente, apregoaram a todo o momento que a festa seria na rua, e é para lá que todos foram. 
Bela tentativa para neutralizar a frustração de um povo que outrora lotava os estádios. Apesar de seus minguados salários, sempre havia a possibilidade de assistir aos jogos  a preços simbólicos na saudosa “geral”. 
Outros tempos, outros comportamentos... 
A festa da Copa foi um evento visando altos lucros.  Dela participaram apenas uns poucos privilegiados - no país dos privilégios.
É preciso que tudo isso seja encarado de uma maneira histórica, coerente com o momento socioeconômico que vivemos. 
Se não pudermos ficar otimistas, pelo menos que nos mostremos compreensivos. 
É melhor para a nossa saúde. 

Gabriel Novis Neves
04-08-2014

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