O
Brasil é o segundo maior mercado do mundo no setor de “lojas pet” (comércio
dedicado ao cuidado e tratamento de animais domésticos).
É
tão absurda esta situação que em S. Paulo, a maior cidade do Brasil, existe
duas lojas pet para cada livraria.
Vários
fatores explicam esse tipo de aberração.
O
primeiro, com certeza, é a grande solidão humana, escancarada a partir dos anos
noventa com o surgimento da globalização.
Pessoas
foram perdendo pouco a pouco o interesse pela comunicação “olho a olho” e logo
depois, com o advento da internet, viram sua afetividade totalmente à deriva.
O
mercado de consumo, sempre muito atento a toda e qualquer transformação
psicossocial, foi logo se apoderando desses novos comportamentos e tratando de
tirar proveito.
O cão,
animal amigo que sempre acompanhou o ser humano desde os primórdios da
civilização, foi se transformando num símbolo de status e, principalmente,
adaptado para suprir todas as carências de um mundo moderno frio e motivado
para bens de consumo como meta prioritária.
E
os cães, doadores de afeto incondicional, foram
os grandes eleitos para desempenhar essas novas funções.
As
rações foram aprimoradas tecnologicamente e os sprays antipulgas funcionam como
facilitadores desse novo modismo, tornando assim bem menores os trabalhos de
manutenção desses bichinhos.
O
mesmo aconteceu com gatos, hamsters e
outros menos domesticáveis, mas, nem por
isso menos procurados, tais como cobras,
porcos, papagaios, pássaros etc.
Aumentadas
as nossas carências, era de se esperar que os mais neuróticos passassem a
transformar os seus bichos em figuras semelhantes a si mesmos nos seus mimos,
tornando esse processo involuntário de domesticação em uma crueldade.
É
grande o número de animais que com esse tipo de convivência - em que a sua
própria natureza é agredida - se torna obeso, neurótico, com colesterol alto,
enfim, com todas as mazelas que afligem o mundo dos humanos.
Isso
sem falar das festas de aniversários, dos brinquedos, dos apetrechos grifados,
das joias e de todas as baboseiras
apregoadas como importantes para o consumismo.
O
fato é tão grave que no momento em que milhões de crianças morrem pelo mundo
vítimas da fome, está sendo procurada em S. Paulo uma grande área para ser
transformada num clube para animais.
Amo
e respeito profundamente todos os animais
como seres da natureza, assim como amo as plantas.
Mas,
por favor! É preciso que permitamos a eles
vivenciarem a sua essência de bichos, puros, simples, honestos, e não
transformá-los nesses seres desprezíveis em que nos tornamos no mundo moderno,
cheios de medos, ódios e agressividade
desmedida.
Aliás,
é mais barato e mais gratificante substituir filhos por animais. Os bichos não
reclamam, não brigam por herança e dão afeto incondicional.
Este
é o mundo considerado moderno.
Gabriel
Novis Neves
31-08-2014
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