segunda-feira, 3 de outubro de 2011

PRIORIDADE NÃO É IMPLICÂNCIA

Escrevo sempre sobre a nossa carência social, especialmente nas áreas de saúde pública, educação e segurança pública.

Alerto nossos dirigentes que é gritante e deprimente a prioridade que eles dão às providências para a realização da Copa do Mundo, em detrimento às necessidades mais básicas da nossa população. Eles não se comovem.

Mesmo diante dessa desumanidade, surgiu a medicação fabricada pelos marqueteiros - o legado deixado pelas obras da Copa compensa o sacrifício hoje imposto ao povo do meu Estado. Isto não é verdade. A verdade é que o grande legado que a Copa deixará para nós, será uma monstruosa dívida bancária.

A nossa cidade não tem a mínima condição de ser exposta internacionalmente. É vergonhoso o nosso retrato: cidade desumanizada.

Seus doentes morrem à espera de um atendimento; idosos e crianças sem o mínimo de atendimento especial; a criminalidade à solta pelas ruas; educação inexistente – e por aí vai. Imaginem toda a gama de descalabro social... a nossa cidade tem.

Quando abordo essa real situação social, que se agrava dia a dia sem providências à vista - mas com algumas perfumarias de gosto duvidoso -, sou chamado por minoria elitista, de traidor da cuiabania.

Apaixonado pelo futebol do meu Fogão, como idoso e conhecedor do sofrimento da minha gente, é que discuto prioridades para ações inadiáveis na área social com a “fosforescente” Copa 2014.

Continuarei servindo sempre aos mais fracos que não têm voz, embora pagando pedágio por essa minha posição.

O consagrado jornalista brasileiro Carlos Chagas, pensa diferente daquilo que escrevo aqui da província?

Em sua coluna diária, que foi reproduzida por jornais e sites locais, assim se manifestou sobre a Copa de 2014 no Brasil.

“Entre construir hospitais e estádios, o governo brasileiro escolheu a segunda opção.

"As cidades sedes estão erigindo ou reformando monumentais estádios de futebol visando os jogos de 2014.

"Nada contra essa exuberância de implodir estádios novos para construção dessas maravilhas cujo acesso o trabalhador não terá direito de conhecer pelos valores das entradas determinadas pela FIFA, e conhecer o preço de um completo - 1 bilhão de reais.

"Com esses recursos hoje despendidos, seria possível construirmos nada menos que 100 unidades hospitalares públicas.

"O que isso representaria para minorar as agruras da maioria da nossa população exposta a filas, atrasos, mau e nenhum atendimento. Se o Brasil optasse pela saúde pública com esse dinheirão, daríamos uma completa reviravolta nas estruturas da saúde.”

Pobre país que troca hospitais por estádios de futebol!

Prioridade não é implicância, oposição do quanto pior melhor, tampouco falta de amor por Cuiabá.

Nas próximas eleições teremos, com certeza, novidades, e o pior é que os nossos governantes correm o risco de serem aplaudidos no novo estádio - como o Sarney foi aplaudido no Festival do Rock in Rio.

A amostra grátis no torneio de vôlei internacional aqui em Cuiabá foi um pequeno aviso.


Gabriel Novis Neves

26-09-2011

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