quarta-feira, 5 de outubro de 2011

CONFESSOU

Os políticos detestam que se fale em loteamento do poder. Dizem que não é bem assim. Quem elege o governante de todos é o povo, e não um partido ou associação de vários. O povo deseja o melhor para o país e não uma seleção das siglas partidárias da sustentação do eleito para governar.

Essa conversa que espalham por aí, que quem elege é o responsável para governar, é pura enganação. Querem simplesmente tentar esconder o loteamento criminoso do poder. Cada favorecido com o lote cuidará dos interesses do seu grupo político, esquecendo-se dos compromissos de campanha.

Recentemente tivemos um caso bem emblemático. Um persistente candidato à presidente da República, após ganhar as eleições, contrariando o programa do seu partido e os discursos que proferiu por mais de vinte anos contra os banqueiros internacionais, entregou a direção do Banco Central, prometido na campanha a um sindicato, a um deputado federal, seu adversário e banqueiro internacional.

Outros cargos do governo ele também loteou, mas para tomar conta do nosso dinheiro, não encontrou ninguém qualificado no seu grupo. Enfrentou poderosos companheiros e sindicalistas. Passados oito anos provou que nessa escolha, acertou em cheio.

Pedrossian, em 1966, fez o mesmo como governador. Repudiou o loteamento, sofreu duas tentativas de perda de mandato na Assembléia Legislativa, onde foi defendido pelo povo. Deixou o governo do Estado e um imenso legado, valendo rememorar a criação das duas universidades federais, uma em Cuiabá e outra em Campo Grande.

Em nosso Estado, há anos o governo está totalmente loteado politicamente. Quase todos os partidos existentes, cujo número ultrapassa dois dígitos, fazem parte da famosa base de sustentação do governo.

O recrutamento dos cargos públicos é feito pelo número de deputados que possui cada partido na Assembléia Legislativa. A indicação para o governo não leva em consideração o mérito da pessoa, e sim o QI (quem indica).

A situação no nosso Estado é tão grave que conseguiu com que o nosso paciente governador perdesse a mesma. Não era para menos. Um partido que participou da eleição do governador atual, e não conseguiu eleger ninguém, achou-se no direito de trocar um secretário de Estado, alegando que o cargo era do partido.

Sequer comunicaram o fato ao governador, que parece estar satisfeito com o secretário, e pela imprensa ficou sabendo que teria de trocar o chefe do loteamento dessa importante área.

Essa é a confissão explícita que vivemos em um Estado loteado. Aguardo a posição do governador, que assim procedendo na mudança do capataz do curral, confessará que não manda nada no Estado loteado.

A finada Agecopa, era mais que loteamento, mas em boa hora o governador ouviu as ruas e não os tais partidos de sustentação do governo, e acabou com ela. Bola cheia para o governador e que ele volte a ouvir as ruas para escolher o novo técnico e a sua comissão.

Eis a prova que o Estado está loteado: “O ex-presidente do PT de MT, derrotado nas últimas eleições, disse que aguarda audiência solicitada junto ao Palácio Paiaguás, para apresentar pleito da sua legenda sobre a mudança de secretário no governo estadual. O seu partido aprovou recentemente as mudanças e o governador tem que aceitar, pois a SEDUC é da cota do PT.” Ainda disse que o seu partido precisa dessa secretaria para servir de suporte ao projeto político do partido.

É o fim da picada, em um Estado vergonha em educação, tentar apropriar-se dela para fins eleitoreiros e nunca para mudar esse quadro terrível da educação em nosso Estado. Se o governador aceitar essa absurda intervenção no seu governo, estará bebendo o veneno da sua morte política. A educação não pode ser uma filial de partido político, e sim instrumento de elevação social.

Aguente a pressão, senhor governador! O povo está aguardando a sua firme decisão, protegendo nossas crianças e o saco sem fundo da gastança da Agecopa.

Decida o melhor para o Estado.

Gabriel Novis Neves

02-10-2010

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