Antigamente era assim que se chamava a maternidade – local onde as gestantes davam à luz.
O termo “dar à luz” está envolto em certo puritanismo incompreensível. Até hoje esse termo é empregado, para traduzir o nascimento de uma criança, cientificamente chamado de parir.
Nunca ouvi alguém falar que uma vaca deu à luz a um bezerro. No campo os animais dão cria.
A primeira clínica particular de Cuiabá destinada às gestantes, ficava no bairro Bandeirantes. Possuía apenas cinco leitos e um pequeno centro cirúrgico.
O seu nome era Femina e o idealizador desse avanço no atendimento hospitalar da capital foi o médico empreendedor Kamil Fares, que se associou a colegas novos e até a um coroa.
No dia da inauguração da clínica pioneira no tratamento humanizado às gestantes, o turco convidou para a solenidade da abertura da fita simbólica, que representava o grande presente que a cidade ganhava, uma autoridade que, na ocasião, ocupava o mais importante cargo federal em Mato Grosso.
Era noite e tudo parecia perfeito com as atenções da Dona Lina a administradora, nos mínimos detalhes.
Como era habitual em Cuiabá na década de setenta, no momento de puxar as extremidades da fita e iniciar o discurso de inauguração, as luzes da cidade se apagaram.
Como o empreendimento era de cuiabanos acostumados aos cortes de energia elétrica, a solenidade continuou com a luz das velas.
O orador aproveitou-se da situação para filosofar.
Cuiabá vivia às escuras antes da nova Casa de Partos. Com a Femina as gestantes tinham um lugar ideal para darem à luz. Neste instante o defeito na Cemat foi resolvido e a luz tomou conta daquele espaço, que carinhosamente eu chamava de boutique hospitalar.
A Casa de dar à luz foi inaugurada sem luz. Se fôssemos supersticiosos, não teríamos hoje na Lixeira a melhor maternidade de Mato Grosso.
Com o passar dos anos é gratificante lembrar as brincadeiras que o imponderável nos apronta.
Gabriel Novis Neves
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