terça-feira, 4 de outubro de 2011

Emenda 29

Após 10 anos na fila da Câmara dos Deputados, finalmente a veterana Emenda Constitucional (PEC 29) foi colocada em pauta para votação.

Essa emenda, ou remendo constitucional, trata de aportar mais recursos para a área da saúde pública.

Todo brasileiro, do presidente da República ao mais desinformado cidadão deste país, sabe que a nossa saúde pública está no lixo, principalmente por falta de financiamento público.

A classe médica há mais de uma década luta para que se corrija essa vergonhosa e desumana situação, que atinge especialmente a população mais pobre, maioria nessa nação.

Finalmente a famosa PEC 29 entrou na lista para apreciação do Congresso.

A presidente logo declarou que o governo federal não possuía recursos para cumprir com a alteração que previa mais dinheiro para a saúde pública.

Irritada, disse para o Congresso, caso fosse aprovada a PEC 29, que indicasse fontes de recursos.

Traduzindo: induziu o Congresso Nacional a criar um novo imposto para socorrer a saúde pública.

Na casa em que o ex-presidente afirmou existir mais de 300 picaretas, ninguém quis assumir a responsabilidade de criar mais um imposto, no país da gastança e desperdício de dinheiro público sem fim.

Claro que, por solidariedade à presidente, sabendo que o novo imposto não seria aprovado, a bancada da estrela vermelha votou favorável à criação do novo imposto.

A Emenda Constitucional subiu ao Senado para aprovação. Duvido que os subordinados do Marimbondo de Fogo votarão na criação de um novo imposto, mas todos irão aprová-lo seguindo a votação da Câmara do Tiririca.

A PEC 29 seguirá para a sanção da presidente, após anos de espera, segundo o líder do governo no Senado, que declarou que não há interesse de votar o projeto agora.

O Brasil está tão empenhado em arrumar bilhões de reais para a Copa do Mundo, que deixará um formidável legado de dívidas às cidades sedes e a continuação dos acordos internacionais com a Bolívia e Paraguai (gás e energia).

Também é grande o empenho do governo na aprovação do novo Código Florestal e na criação da Comissão da Verdade, para punir aqueles que violaram os direitos humanos entre 1964-1988. Os crimes cometidos agora com os direitos humanos, praticados com aqueles que constitucionalmente têm o direto à saúde, deixa para lá.

De prático - continuaremos “avançando” com pacientes morrendo nas filas de atendimento médico.

No nosso criativo Estado, criaram uma alternativa para a falta de financiamento para a saúde.

Contrataram uma OSS de um Estado que possui mais deficiências que o nosso e jogaram toda a responsabilidade nessa empresa comercial.

Os primeiros resultados já são do conhecimento público - fiasco total. Esse milagroso sistema, além de ser juridicamente discutível, simplesmente seleciona os pacientes que irão atender.

Entenderam bem essa seleção humanitária que a cidade da Copa Pantanal adotou?

Alegam os modernos gestores de saúde que os pacientes que mais necessitam de tratamento não serão atendidos, para não onerar os cofres públicos.

Ficarão no hospital da OSS, apenas cirurgias como retirada de bicho do pé, unha encravada, espinha de peixe na garganta, anzol encravado no dedo e outras que permitem lucros.

14 governadores de Estado, inclusive o nosso, foram a Brasília pedir ao Congresso um novo imposto.

Seus pedidos entraram por um ouvido e saíram pelo outro.

O nosso Estado terá muitas despesas com a Copa, que nos deixará um monte de legados em obras definitivas, que ainda não saíram do papel, mas dizem que sairá.

A essa altura só nos resta esperar pela chuva do caju.


Gabriel Novis Neves

24-09-2011

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