segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

DESÂNIMO

Encontro um velho amigo que não via há anos. Pergunto como estão as coisas. “Estou muito desanimado”, responde ele.

Para quem não entende cuiabanês, desânimo não significa a doença do Jeca Tatu. Significa desencanto, desilusão, decepção. Não só o meu amigo sofre atualmente de desânimo; acredito que todo o povo brasileiro. E existe uma causa comum: o exemplo dos nossos homens públicos. Eles são os responsáveis diretos pelos graves problemas sociais que consomem este país.

Desânimo não é uma nova patologia - sempre existiu -, mas ficava restrita a pequenas áreas. Agora, adquiriu a forma de epidemia, colocando em risco o nosso próprio futuro.

Os pobres são as maiores vítimas de tudo que está acontecendo neste país, levando ao desânimo o meu amigo.

Quem lê jornais tem uma fotografia diária do mundo em que vivemos. Existem notícias, verídicas, difíceis de ser entendidas.

O grande filósofo carioca Dricó, em seus sábios ensinamentos, nos diz que somos os culpados pela tristeza do brasileiro. Os políticos são gente fina, nós é que não prestamos.

Tem toda razão o nosso poeta. Se fôssemos do bem, não serviríamos, conscientemente, de escada aos homens do mal. E é isso que, repetidamente, fazemos. Quando colocamos um artista popular - cantor, jogador de futebol ou costureiro - com os nossos predadores, somos censurados.

Os defensores dos grandes interesses privados estão todos entrincheirados nas casas do poder, legislando e defendendo os seus próprios negócios, e os dos seus financiadores.

É desanimador saber que, após ganhar as eleições, muitos vencedores procuram os grandes homens de negócios com cota estipulada, em busca de dinheiro para fechar as contas eleitorais.

Quem não presta somos nós, canta Dricó, que sabe das coisas. O desânimo aumenta quando pensamos que a Constituição Brasileira foi elaborada com base na vontade do povo. O povo – aquele que não presta – a segue. Por outro lado...

É. Nós não prestamos. Não prestamos porque aceitamos e, até certo ponto, glorificamos esse tipo de tratamento que nos é dado.

Vou parar por aqui.

O desânimo também tomou conta de mim.


Gabriel Novis Neves

26-01-2011

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