quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Investimentos

Sempre, no meu deslocamento para o trabalho, ouço o rádio do carro. Escutei certo dia a entrevista de um burocrata federal comissionado de alta plumagem em Brasília. Falou por longo tempo sobre os investimentos dos governos estadual e federal em Cuiabá.

O que causa espanto nestas entrevistas é que, passados oito anos de uma bela gestão, as autoridades atuais falam sempre utilizando o futuro dos verbos. O verbo da embromação é colocado no futuro, ou como dizia a minha madrinha, no “Dia de São Nunca.”

Farei. Realizarei. Avançarei. Continuarei. Acelerarei. E por aí vai. O investimento está no papel, mas nunca é transformado em obras necessárias à nossa judiada Cuiabá.

Com a desculpa da Copa do Mundo, todas as necessidades da nossa cidade serão atendidas futuramente pelos nossos governantes, principalmente pelo governo federal.

Até agora, a demolição do Verdão é o único sinal material de que a Copa será realizada aqui. Quem passa pelo nosso raquítico aeroporto em Várzea Grande não percebe nenhum movimento de obras, mas está no planejamento. Será totalmente ampliado e modernizado. O programa de mobilidade urbana também consta da programação.

O único investimento importante que o governo realizou nesses últimos anos foi relacionado ao trem do Vuolo, inclusive mudando o seu traçado. Ah, sim! Teve também o corte de recursos para a conclusão do Centro de Hemodiálise do hospital federal da Universidade e o abandono total de repasses de recursos materiais e humanos para o bom funcionamento de um hospital de ensino.

Como são diferentes os administradores de agora! Até há pouco tempo, quando um servidor público terminava o seu mandato, prestava contas sempre utilizando o verbo no tempo passado, traduzindo uma realização.

Fazejamento, de Benedito Pedro Dorileo - obra de uma história de conquistas -, relata muito bem os tempos. Era o tempo das prestações de contas do que se fez, sem restos a pagar! Sou da época de não contar com o ovo que a galinha iria botar. Então os termos, ou melhor, o linguajar, tinha credibilidade.

Os antigos assim se expressavam nas suas falas: Fizemos o Teatro, a Biblioteca, os Museus, o Zoológico, o Ginásio de Esportes, o Campo de Futebol com as Quadras de Esportes, o Parque Aquático. A Orquestra Sinfônica, o Quarteto de Cordas, O Coral. A Banda Universitária e a Escola de Samba Mocidade Independente. Os prédios para alojar os Centros de Ciências da Saúde, Agrárias, Sociais, Tecnológicas, Cursos de Curta Duração, Fazenda Experimental em Santo Antônio. Centros Universitários em Rondonópolis e Pontal do Araguaia. A conquista de Aripuanã, com o seu primeiro campo de pouso autorizado pelo DAC para operar aviões Búfalo. Fizemos e implantamos a pós-graduação, quando participamos de um projeto piloto nacional, dispensando os docentes do interior do Brasil do exame de seleção. Trabalhamos com professores competentes e servidores administrativos excelentes.

Ninguém da minha geração viveu o sonho de um dia, mas a transformação de uma realidade. Deixemos a hipocrisia do vou fazer ilusório, e vamos trabalhar com humildade para realizar. Esta é a obrigação do servidor público, e não vender ilusões e fantasias. Voltemos ao tempo do prestar contas do feito e não daquilo que iremos fazer.

No fazejamento só existe o verbo fazer. Então eu fiz, ou não fiz.

O resto é entrevista de rádio.


Gabriel Novis Neves (7.5+105)

29-10-2010

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