domingo, 30 de janeiro de 2011

Madrugadas Cuiabanas

As madrugadas cuiabanas sempre foram consideradas terapêuticas.

Bem antigamente, de madrugada, a família levava as suas crianças, especialmente aquelas com coqueluche, para passeios no bosque.

Para quem não está ligando o nome ao lugar, o velho bosque fica onde hoje está a praça em frente à Igreja Mães dos Homens e toda a região.

Curei a minha coqueluche nas delícias dos passeios nas madrugadas no bosque. Todas as crianças que iam ao bosque eram de Cuiabá.

Ninguém saía de Santo Antônio, de Melgaço, de Livramento, Chapada, etc. para curar coqueluche em Cuiabá.

O tratamento era realizado com sucesso nas suas próprias cidades.

Com o aparecimento das vacinas, praticamente não temos mais esta doença.

A expectativa de vida aumenta e o Dr. Cooper inventa a caminhada.

Hoje as madrugadas cuiabanas funcionam na prevenção das doenças para aqueles que já ultrapassaram o meio dia da vida.

E funciona mesmo esta terapêutica.

Sou testemunha, pois a pratico há muitos anos.

Não encontro ninguém de outros municípios que chega de madrugada para caminhar em Cuiabá e depois retorna às suas cidades.

A clientela é composta por moradores da ex-Cidade Verde. Ultimamente tenho notado um fato relacionado com doença nas madrugadas cuiabanas.

Verdadeiras carreatas de ambulâncias cheias de doentes vindos de todos os municípios de Mato Grosso. De norte a sul, de leste a oeste.

O dia ainda não clareou e lá estão as ambulâncias ocupando as entradas dos nossos principais hospitais e serviços auxiliares.

Incluindo neste pacote de incompetência e desumanidade o nosso tão mal falado e sacrificado Pronto Socorro.

À tarde as ambulâncias retornam, com seus pacientes, para as suas cidades de origem, repetindo a carreata da vergonha nos dias seguintes.

Com isso a hospitaleira Cuiabá e os seus dedicados profissionais de saúde passam a ser tratados pelos irresponsáveis e aproveitadores políticos como verdadeiros criminosos.

“Bom é saber calar, até o tempo de falar.”

Não tenho compromisso com ninguém, apenas com a minha consciência.

O grande culpado por esta situação são os governos que entendem saúde como balcão de negócios geralmente administrado por leigos.

Salvai-nos, São Benedito!


Gabriel Novis Neves

14-01-2011

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