domingo, 16 de janeiro de 2011

O alfaiate

Em todo o mundo, no dia seis de setembro, é comemorado o Dia do Alfaiate. É uma das profissões mais antigas do mundo. Mesmo com a globalização e a industrialização competindo com o seu trabalho artesanal, essa profissão jamais será extinta.

Vejo muita semelhança entre o alfaiate e o médico. Os seus equipamentos básicos de trabalho são praticamente os mesmos: tesoura, agulha, fios, fita métrica, régua, marcadores de tecidos, enxertos, orifícios. Médico e alfaiate, para mim, são artesãos com missões diferentes. O alfaiate trabalha para cobrir o corpo humano. O médico trabalha o corpo humano sem a cobertura construída pelo alfaiate. Após o trabalho do médico, sempre é chamado o alfaiate para as devidas correções. O médico trabalha com tecidos humanos. O alfaiate com os mais variados tecidos da nossa indústria têxtil. O trabalho do alfaiate é visto por todos. O do médico geralmente o alfaiate esconde.

As duas categorias profissionais sofrem desleal concorrência dos países de mão de obra abundante e barata. Os seus “inimigos” estão longe daqui, especialmente China, Japão e Taiwan.

O concorrente do médico são os planos de saúde, e a falta de políticas públicas. Cuiabá (ainda capital) tem uma história repleta de médicos e alfaiates de qualidade. O tempo passa, eles se tornam menos numerosos, mas continuam existindo.

Lembro-me de ter feito dois ternos com os antigos alfaiates de Cuiabá. O da minha Primeira Comunhão, em 1942, e o da minha formatura do Ginásio no antigo Colégio dos Padres, hoje Salesiano, em 1950. Os dois ternos eram brancos com uma diferença comum na época. As calças do terno de 1942 eram curtas.

Como médico, considero-me um antigo alfaiate, preocupado em atender bem os seus devotos clientes.

Acho que São Lucas, o protetor dos médicos, foi também alfaiate.


Gabriel Novis Neves (7.5+64)

08-09-2010

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