quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

A PALAVRA

Não sou jornalista profissional, mas um esforçado narrador do nosso cotidiano. Procuro escrever como falo, e por conta disso, às vezes sou muito mal interpretado. Fico surpreendido quando percebo que causei aborrecimento a alguém por causa de algumas das minhas palavras escritas.

Fui alertado por um experiente jornalista profissional, que as palavras impressas têm uma interpretação totalmente diferente das transmitidas por via oral.

Como exemplo citou que a nossa história oral é muito mais interessante do que a escrita. Assuntos importantes discutidos em bares, botecos e botequins são mais alegres que uma consulta em biblioteca. Não pela possibilidade do uso do álcool, e sim pelo modo de transmissão.

Rubens de Mendonça, nosso grande historiador, me contou a História da Guerra do Paraguai no bar do meu pai. Eu ria o tempo todo, e ele também.

Na escola quando estudei o assunto, além da revolta que a leitura me propiciava, às vezes chegava ao choro. Mas o mesmíssimo assunto pela transmissão oral nunca me incomodou. Aprendi empiricamente a colocar no papel o jeito como conversamos, com caricaturas dos fatos reais e de nós mesmos, e pensava que assim tudo terminaria em abraços e até outro dia para continuarmos o papo. Mas, a palavra escrita tem uma interpretação solitária.

Um pequeno artigo formatado em PPS vira poesia, irreconhecível pelo autor, que jamais pensou um dia poder escrever uma poesia. Existe o lado ruim da palavra impressa, quando uma colocação faz alguém sofrer. Nada pior para alguém que não escreve para magoar ou por interesses inconfessáveis!

Escrevo preferencialmente sobre amenidades, que nunca causaram problemas de interpretação. Quando produzo um artigo de opinião, é que me enrolo com a interpretação da palavra escrita, mas nunca fujo da realidade do fato.

Na última campanha eleitoral, só para lembrar os debates, ouvi dos candidatos palavras que jamais escreveria. Terminado o tempo do programa na televisão, abraços e beijinhos sem fim, todos enaltecendo o grau de civilidade do mais chulo dos xingamentos entre os participantes. Se uma palavra daquelas ouvidas fosse impressa, seria motivo de processo na justiça.

Peço, portanto aos meus leitores, que tem a paciência de ler o que escrevo, que entendam que não sei escrever de outra maneira. Escrevo como falo. E, se porventura, alguma palavra soar esquisito aos seus ouvidos, que possam estar certos de que não existem intenções escusas, mas somente aquela necessária para aclarar um fato.


Gabriel Novis Neves (7.5+90)

04-10-2010

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