quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

VOLTARAM A FALAR NELE

É um assunto que já faz parte do nosso calendário. Neste período do ano, de uns tempos para cá, se tornou obrigatório falar do mosquitinho da dengue. A mídia dedica generosos espaços sobre as andanças dele.

Fiquei sabendo pela televisão que nesses últimos dias ele está fazendo o maior sucesso em Rondonópolis. Logo lá! Parece até provocação!

Em Cuiabá, o governo demoliu uma tradicional escola (José Magno) e implantou no seu lugar uma baita fazenda do mosquitinho que pica e mata.

Primeiro mataram a educação. Não satisfeitos com isto, partiram para a demolição de escolas. Num país de analfabetos temos mais é que construí-las, e não, destruí-las. Mas isto é outro assunto.

Estava falando da fazenda. Pois bem. Ela está em ritmo acelerado de produção. Com a chuva então! A proliferação dos mosquitinhos que pica, e pode conduzir ao óbito, está espantosa! Os moradores das redondezas que o digam!

E não só os das redondezas, mas os do Estado inteiro. De acordo com as nossas autoridades governamentais, a epidemia da dengue está presente em todos os municípios do nosso imenso Mato Grosso. E dizem mais. Que esta epidemia não é um problema só de saúde pública. Que é um problema da sociedade. Quer dizer: a sociedade é a responsável pela epidemia de dengue.

Eu sou o responsável pela demolição da escola e o acúmulo de água e sujeira no seu terreno. Sou o responsável pela irregular coleta de lixo em Cuiabá - importante providência para a revitalização e multiplicação dos nossos pequenos assassínios. Sou o responsável pelos terrenos públicos e privados abandonados. Sou o responsável pela falta de uma política pública de saúde no interior - desestimulante fator para a fixação dos profissionais de saúde nessa região. Sou também, o responsável pela falta de saneamento básico.

Como sempre o governo acha que se saiu bem com essa desculpa esfarrapada, jogando nas costas do contribuinte a responsabilidade, entre outras coisas, das ruas e estradas esburacadas, que formam extensas redes de piscinões para o mosquitinho, espalhados por todas as cidades.

Diante da doença o quadro fica mais doloroso. Os doentes daqui, e os que vêm do interior em péssimas condições, não encontrarão um único hospital público estadual para acolhê-los. E a culpa é da sociedade. Foi ela que, em vez de investir em saúde - pelo menos o percentual constitucional - foi construir um ginásio de esporte apelidado de elefante multicolorido. Foi ela que comprou, ou colaborou, com o maior número de fechamento de hospitais filantrópicos e particulares da história de Mato Grosso. Os que insistem em não fechar as suas portas diminuíram drasticamente o número dos seus leitos e estão falidos.

Será que até na doença e na morte a culpa é nossa? Será que os nossos operantes e dinâmicos políticos não se sentem responsáveis? Nem um pouquinho? Parece que não. Eles tomam suas decisões equivocadas, e a culpa é nossa? Ah! Dá licença!

O grandão leva a picadinha do mosquito e vai de jatinho, por nossa conta, para tratamento em São Paulo, pois aqui não há vagas nos hospitais.

Médicos e equipes de saúde com competência existem. Faltam-lhes condições de trabalho.

A sociedade é a responsável, não pela dengue, mas por eleger fujões de um tratamento igual ao do seu povo.

Estes ficarão na espera de uma vaga política, conseguida na Central de Regulação de Vagas.

Assim, o nosso presente só pertence a Deus.


Gabriel Novis Neves

05-01-2011

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.