sexta-feira, 30 de abril de 2010

INTERPRETAÇÃO DE TEXTO

Conversei dia destes com uma professora doutora em letras da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Ela me disse que atualmente trabalha na elaboração de material para o banco de dados do vestibular. A sua especialidade é a seleção de textos para a interpretação dos vestibulandos. Além da alta competição para um número reduzido de vagas nas universidades públicas, a interpretação de texto requer conhecimentos que, muitas vezes estão além do esperado desses jovens. Não deve ser fácil ao jovem, por exemplo, interpretar textos de certos políticos.

Leio hoje nos jornais que um conhecido político, dos mais escandalosos em seus polêmicos pronunciamentos, soltou a seguinte pérola: “Não faço barulho das minhas ações e, por isso, surgem dúvidas.” Entenderam? Nem eu. Imagine o pobre do vestibulando, interpretando esta frase! A possibilidade de uma interpretação correta é zero. Irão responder que, no mínimo o autor da frase é um gênio, tímido, ético e velho cientista que não suporta os holofotes, e sempre trabalhou em laboratórios. Como os textos enganam!

A cada dia que passa a redação e interpretação de texto tornou-se o grande vilão do vestibular atual. Em futebol todas as vezes que um técnico está super prestigiado, leia-se: será demitido amanhã. A interpretação de normalidade, também é um ótimo exercício para os cursinhos. No vestibular, como no nosso cotidiano, é uma tarefa desafiadora, embora muita gente seja especializada nessa área de julgar atitudes. Chegam até a publicar e elaborar manuais sobre o que é considerado normal.

Ah! Se os nossos vestibulandos soubessem, que “não fazer barulho” é traição política, talvez conseguissem uma vaguinha na nossa UFMT.

Gabriel Novis Neves
26/04/2010

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