domingo, 25 de abril de 2010

FITA

A mais famosa foi a amarela - imortalizada pelo Noel Rosa. Temos inúmeras outras fitas, igualmente conhecidas no mundo todo. Quem nunca usou no pulso, uma fita do Senhor do Bonfim? E a fita no cabelo, o laço de fita, a fita de presentes, a fita do bolo, a fita “cortada” nas inaugurações de obras? Metaforicamente, no dia-a-dia, a palavra fita é também muito usada por nós: a fita como enganação - palavra tão apreciada pelos antigos; a fita no futebol - causadora de pelo menos um cartão amarelo; a fita dos novos ricos - com a exibição espontânea dos seus bens materiais. O indivíduo que deseja ser notado é logo chamado de fiteiro, embora não use fita alguma. Temos ainda: fita adesiva, fita métrica, fita antiderrapante, fita magnética, e outras.

Quem diria que essa tira estreita, flexível e de pouca espessura, geralmente de pano ou papel, fosse de uma riqueza semântica tal que, percorre a poesia amorosa de Noel, rola pelas nossas demonstrações de fé e interpreta tão bem o fingimento e a birra.

Como é gostoso cultivar certas fitas! Tenho preferência por uma em especial – a fita da minha vida! Com produtores e diretores, ela foi-se desenvolvendo em cenários naturais. A fita rodando e o tempo passando, sem roteiros, como quem procura um caminho, que só se encontra caminhando. Nessa minha fita, o filme foi rodado ao contrário. Sempre que revejo esta fita percebo que os erros – qualificados como tal na época – não foram mais do que preciosos aprendizados que transformaram minha vida para melhor. A fita da minha vida é um amuleto que carrego dentro de mim, pois estamos sempre cometendo erros – e é só esperar para vê-los se transformarem em divinas lições.

Em anatomia possuímos fitas naturais em nosso corpo, assim como fitas produzidas pelos caprichos da Natureza: fitas do sistema nervoso, fitas musculares, fitas viscerais, entre outras. Já me defrontei com os dois tipos de fitas. Mas a retirada de uma fita produzida pelo capricho da Natureza foi a grande, insubstituível e inesquecível emoção da minha vida. Essa é a minha fita, cuja cor e colocação nem os poetas imaginam.

A fita faz parte da nossa vida, muito mais do que supomos e imaginamos. Ela traduz emoções - o combustível da nossa alma. Contar tempo sem fita é possível, viver sem ter uma história de fita, impossível.

Gabriel Novis Neves
17/04/2010

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