domingo, 25 de abril de 2010

Cheguei

Não sou o Zé Bonitinho, mas atenção meninas! Sou o Rafael Bonitão. Para quem não me conhece, sou irmão dessa coisinha linda chamada Maria Eduarda, filho da bonitona Juliana e do sortudo Tico. Tenho um patrimônio familiar que não é para qualquer um. Nos tempos de limitação da natalidade, nascer cercado do carinho de bisavô, bisavós, avôs, avós, dezenas de tios e tias, centenas de primos e primas, é ou não um privilégio?

Estou chegando, e já vou fazer uma fofoca. Mamãe, super ocupada, no momento nem pensava em aumentar a família. Papai que é totalmente dominado por ela - ele não é bobo nem nada - complacentemente calava-se. Devo a Maria Eduarda, este momento maravilhoso e cheio de felicidade que vivo. Graças aos seus insistentes pedidos, existo. Até promessas a São Benedito a danadinha fez! Mas, ela pedia e nada.

Até que em uma tarde chuvosa mamãe lhe chama, e para sua surpresa diz emocionada, que vou chegar. A menininha quase desmaiou de alegria! Não conteve as lágrimas da emoção. Ela queria um irmãozinho, para não perder o trono de princesinha da casa. Também, se viesse uma irmãzinha, tudo bem - seria a sua cúmplice. O que não queria, era ser descendente único. Papai e mamãe trabalham o dia todo e a minha irmãzinha ficava com adultos. Queria brincar e conversar, com alguém da sua idade.

Certo dia, na tranqüilidade da minha casa uterina, eu notei que estava sendo fotografado - e o pior! Pelado! Pura invasão de privacidade. Mamãe e papai radiantes não resistem: pelo celular avisam minha irmãzinha que viram o meu sexo. A assanhadinha logo pergunta: é... ? Mamãe e papai nem esperam ela concluir a pergunta e respondem ao mesmo tempo gritando com alegria – você acertou! Era a certeza de que teria um irmãozinho como companheiro. Logo que retornaram para casa fizeram uma reunião para escolher o meu nome. Mamãe pensou no nome de um algum anjo. Maria Eduarda adorou a idéia, pois adora ouvir historinhas sobre anjos! O consenso foi RAFAEL. E aqui estou eu, além de bonito e charmoso, terei o nome de um anjo.

Minha irmãzinha participou de todos os momentos que antecederam a minha chegada. Conversava comigo todos os dias. Às vezes estava dormindo e ela me chamava para colocar em dia o papo. Passava creme na barriga da mamãe, para evitar estrias. Um dia desses dei-lhe um tremendo chute, na hora da esfregação do creme no abdome da mamãe. Fiquei quieto, esperando talvez uma bronca, mas sabe o que ela disse? A-D-O-R-E-I! Com a mamãe ajudou na decoração do meu quarto. Detalhista, não se esqueceu de colocar na cadeira, a camisa do Flamengo, meu time na terra. Ai, ai, ai! Já vou chegar criando confusão! Tem gente torcendo para que eu seja Botafogo. Vamos ver - depois eu decido.

Minha irmãzinha está nervosa aguardando a minha chegada em casa. Diz prá todo mundo que quer ser a primeira a me beijar e abraçar. Está tão feliz com a minha chegada, que chegou a comentar que quando crescer quer completar a lista de anjos, com os seus filhos.

A família toda irá, com certeza, para o casarão da Chapada, comemorar a minha chegada como adultos comemoram: comendo, bebendo e dançando.

Gabriel Novis Neves
Cuiabá, abril, 2010

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