quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Negativo

A matéria do jornalista Caco Barcelos sobre “A saúde no Brasil” ganha em dramaticidade da “tomada” do Morro do Alemão no Rio de Janeiro pelas Forças Armadas. No Morro, mortes e prisões, conseqüências do banditismo que impera em todo o país. Nos hospitais públicos do Brasil, mortes e humilhações, conseqüências do total desrespeito para com o próximo.

As nossas autoridades simplesmente não priorizam as políticas sociais. O resultado é sentido de forma mais impactante na saúde pública, pois é ela que trata diretamente com a vida humana.

De uma forma bem didática, o jornalista dividiu o Brasil em regiões para demonstrar toda a dimensão da tragédia que abate a saúde pública. Ele achou por bem nem entrar no mérito da saúde pública no interior neste imenso país. Simplesmente abordou o grave problema da saúde em Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo, Recife. Se nesses centros, tidos como uns dos melhores do Brasil, o problema já se constitui motivo de tristeza e humilhação para a população, não precisamos forçar muito a nossa imaginação para vislumbrar o que acontece nas demais localidades. É a revelação do negativo do filme de terror ou horror que é o atendimento público da saúde.

O revoltante nessa história toda, não é saber que a saúde pública vai muito mal. É saber que as nossas autoridades conhecem o problema bem de perto, e não vemos nenhuma ação mais contundente para sanar a situação. E mais revoltante ainda – se ainda couber revolta – é escutar dos nossos governantes que a saúde vai muito bem – obrigado.

O discurso preferido dos transitórios ocupantes do poder, é que o sistema de saúde (SUS) oferecido pelo governo ao povo brasileiro é quase perfeito. O que na verdade é um grande deboche! Não serve nem para os mais miseráveis dos seres humanos.

Não há perspectiva de melhoria da saúde em todo o território nacional. O antigo imposto do cheque (CPMF) vai ser ressuscitado para alocar recursos financeiros para a saúde. Mas o problema básico não é este, apesar de ser importante. O problema está todo centrado na má vontade dos Governos Federal, Estadual e Municipal, nesse tipo de investimento.

Nunca a saúde foi beneficiada com o percentual de recursos que a constituição determina. As imagens da GLOBONEWS a este respeito foram exaustivamente divulgadas. É um chamamento da grande mídia para que todos os brasileiros tomem ciência dessa sórdida política de saúde. Os pobres e miseráveis, assim como os profissionais da saúde, sofrem, e vivenciam de perto este desdém.

A guerra declarada no Rio de Janeiro está no mesmo cesto dos descalabros dos nossos governantes. Nenhum desses dois problemas - falta de saúde e segurança, apareceram agora. São anos de falta de políticas públicas para sanar estas dificuldades.

Agora um desses problemas estourou. Outros abscessos virão a furo, demonstrando todo o engodo de que fomos vítimas.

A violência urbana é resposta à violência cometida pelos governos aos seus habitantes.

O negativo do filme foi revelado, e a fotografia mostrada ao mundo não é das melhores.


Gabriel Novis Neves (7.5+142)

28-11-2010

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