segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

LAZER

Pertenço a uma árvore genealógica enorme. Generosa, produz muitos frutos. Frutos de todas as idades, pendurados em seus arqueados galhos. Muitos desses frutos amadureceram e não estão mais na árvore. Outros, ainda em flor, frutificarão para substituí-los.

Necessário, todavia, observar que apesar de pertenceram à mesma árvore, cada fruto tem as suas peculiaridades e preferências – devido talvez à sua produção em épocas tão distintas? Não sei. Só sei que cada fruto da minha árvore tem as suas características próprias.

Dezembro chegou. E com ele as festas tradicionais de final de ano. Final de ano também é sinônimo de exames finais das crianças para encerramento do ano letivo. Depois das festas e das provas, o assunto é um só: férias.

Férias e lazer – duas palavras que devem andar de mãos dadas. Mas como é complicado conceituar o lazer! Geralmente está associado a prazeres (!) não rotineiros.

Aqui em casa, por exemplo, ouço muito os meus dois meninos conversarem sobre pescaria. Se pescaria for lazer, estou perdido! E fora dela, claro! Para eles é pura diversão e lazer! Agora pensem bem: pescaria requer planejamento, disciplina, condicionamento físico, paciência e, acima de tudo, grande espírito esportivo. Não é qualquer um que acha graça em ser comido vivo por aqueles mosquitinhos infernais. E quando não se pesca nada? Dizem meus meninos que este risco faz parte de uma boa pescaria, e faz parte do lazer.

Lazer, para mim, já é algo totalmente diferente. Não tem que gerar nenhum esforço, sacrifício, nem grandes deslocamentos ou frustrações. Também não tem que ter local nem horário pré-estabelecidos. Lazer significa prazer.

Um encontro inesperado pode me dar um grande prazer, assim como a visão reconfortante da natureza. O prazer é o lazer sem planejamento, sem investimento do local escolhido para ser usufruído. Ficar sem fazer nada, por exemplo, é um tremendo lazer. Lazer é um apêndice para aquisição de novos conhecimentos e inclusão de culturas diferenciadas. Entenda-se como cultura a curiosidade despertada pelo belo. Nada a ver com pacotes adquiridos nas agências de turismo.

Cada um tem o seu conceito de lazer e este tem que ser respeitado. Mas, é bom saber que existem adeptos de lazeres não convencionais.

O meu maior lazer é deixar o meu cérebro desligado por longos instantes dos problemas mundanos. Nestes preciosos instantes sinto minhas energias recarregadas e volto rejuvenescido.

Como na imensa árvore existem frutos nos mais diversos estágios, o lazer não pode mesmo ser padronizado. Há tipos de lazer para todos, mesmo para os rebeldes do prazer institucionalizado.

Nestes tempos conturbados, saber escolher um lazer que traga junto um grande prazer tornou-se, hoje, nosso mais importante aprendizado!


Gabriel Novis Neves

20-12-2010

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