quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

O INÍCIO

Localizada no marco zero da rodovia Cuiabá-Santarem, na zona de transição entre o cerrado e a maior concentração de florestas tropicais do mundo, nasce a Universidade Federal de Mato Grosso. Atualmente, os programas de pesquisa aplicada (Projeto Aripuanã) se estendem ao longo de mais de 1.000 km, na rota percorrida no inicio do século pela Comissão Construtora de Linhas Telegráficas de Mato Grosso ao Amazonas e na região explorada pela expedição Roosevelt-Rondon (1913-14).

Pouca coisa, aliás, mudou na região, onde a lembrança do grande explorador pacifista ainda é vívida e palpável no relato dos índios, dos seringueiros, dos garimpeiros, nas construções toscas, nos postes telegráficos e nos mangueirais que ele plantou no sertão.

Os agentes maláricos são uma presença ameaçadora. Diante de grandes espaços insalubres e da importação crescente de doenças de outras regiões, trazidas pela mão-de-obra migratória, a área de conhecimento biomédico da UFMT será desenvolvida a partir da implantação de um centro de pesquisas de doenças de massa e de doenças ambientais. Eis as metas operacionais do centro, planejadas pelo consultor científico da Universidade, Dr. Noel Nutels.

Estimular vocações à prática da medicina no interior e apoiar permanente e dinamicamente o trabalho diário dos profissionais formados na área será, ainda, a função maior deste centro, em fase de projetamento.

Passados os anos, continua a preocupar estadistas, ecólogos, agrônomos, médicos, sanitaristas, sociólogos, geólogos, economistas, antropólogos, engenheiros e arquitetos –– a mesma idéia da necessidade de um mecanismo capaz de coordenar o esforço de conhecimento desta super-região que cobre 1/20 da superfície terrestre, guardando 1/5 da água doce e 1/3 da madeira existentes no planeta.

A UFMT – a mais nova Universidade pública do Brasil reconhece a necessidade da organização de um polígono de conhecimento da Amazônia. Será constituído pela integração dos sistemas de pesquisas e ensino de todas as Universidades e centros de pesquisas localizados na área. Acredito ser a alternativa mais rápida, sólida e racional para o desenvolvimento das atividades educacionais em nível superior.

Este grande polígono de forças científicas educacionais resultaria da interligação planejada e programada das Universidades num sistema geral de complementação de atividades de pesquisa e de Ensino Superior na Amazônia. Assim, a viabilidade da existência de um mecanismo geral, armazenador e redistribuidor de informação sobre a Amazônia, com diversos terminais zonais, se precipitam concretamente no futuro previsível.

No panorama desta nação que emerge como uma nova potência internacional somente haverá lugar para uma única e poderosa Universidade da Amazônia – capaz de representar política e cientificamente o país no estabelecimento de acordos multinacionais de pesquisas e de ensino – envolvendo 9 países interessados, após 1980.

Trecho do pronunciamento do 1º Reitor da Universidade Federal de Mato Grosso, realizado em Brasília, no dia 17 de agosto de 1972, durante o I Encontro de Reitores das Universidades Públicas.


Gabriel Novis Neves

07-12-2010

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