sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

NOVIDADE

Lembro-me como se fosse hoje da chegada da minha primeira neta. Era Natal de 1987. Camilla chegou num clima de paz e harmonia que esta data inspira em todos nós. Filha da Mônica e do Mauro, irmã da Isabelle. Hoje Camilla é advogada. Esbanja beleza e generosidade. Dona de uma personalidade vibrante. Encanta a todos que com ela convivem. Principalmente a este avô.

Foi “abre-alas” dos netos da minha família, por onde desfilaram depois a sua irmã, primas e o único primo. Acompanhei todo o pré-natal da Camilla.

No dia 24 de dezembro pela manhã, a Mônica me telefona dizendo estar sentindo umas coisas estranhas. Vou até o seu apartamento e a examino.

- O que tenho, pai? - pergunta minha filha.

- Parece que a sua filha arrumou as malas para a viagem de chegada à Terra – disse a ela entre comovido e assustado. Afinal, era minha primeira neta.

- Vou internar agora?

- Por enquanto não. Você está apenas em premonitórios de trabalho de parto.

- Vai demorar? – pergunta ansiosa.

- Se tudo acontecer como dizem os livros, a sua filha irá nascer daqui a dez horas.

- Então posso almoçar, né?

Ri intimamente diante da pergunta, e percebi que ela estava tranquila. Até pensava em comer!

- Claro! – respondi. - E para você ficar mais tranqüila vai lá para casa. Está tudo preparado. Na hora indicada a levarei à Maternidade.

Chegamos à noitinha para a internação, com a Mônica já em franco trabalho de parto.

Na reta final da chegada para o nascimento, a minha filha cansou. Indiquei a cesariana.

Era um procedimento que eu realizava todos os dias, e com grande sucesso. Montei uma excelente equipe de atendimento no Centro Cirúrgico. Estava me preparando para o ato cirúrgico quando veio a grande novidade: eu não iria fazer o parto, só ficaria de expectador. Olhei admirado para o meu excelente colega auxiliar, mais jovem do que eu, e que estava me dando aquela “ordem”.

Argumentou comigo e com a família, e foi tão convincente que lhe passei o bisturi.

Parteiro cinqüentão; a gestante minha única filha; nascimento da primeira neta; a emoção da noite de Natal. Só estes fatores seriam uma afronta às minhas coronárias.

O interessante nessa história é pensar em como a novidade interfere na vida das pessoas. A Camilla foi a novidade na carreira do parteiro avô. Mas foi uma novidade que interferiu positivamente na minha vida. Minhas outras netas e neto nasceram comigo - muito embora a emoção sempre estivesse fortemente presente.

Deixei para o final o papel da vó Regina em todos esses eventos. Ela foi uma condutora firme e amorosa nesses momentos maravilhosos. Acolhia os netos com aquele aconchego de que somente as avós são capazes. E assim, sempre no aconchego do seu colo, os netos foram chegando e crescendo. Não à toa todos os seus seis netos foram totalmente apaixonados por ela.

Nostálgico e emocionado, mas ao mesmo tempo feliz pelo prazer dessas recordações, deixo aqui registrado meu pessoal encantamento neste Natal dos 23 anos da advogada Camilla.

Beijos, Milla.

Do vô,

Gabriel


Natal de 2010

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