terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Mundo encantado

Vou criar o meu mundo de fantasias, o meu mundo encantado. Este mundo real em que vivo não me satisfaz mais. Muita crueldade, muito abandono e muita hipocrisia.

Este meu mundo encantado não seria um mero carbono desses que vemos por aí. Não. Em primeiro lugar, ele seria totalmente humanizado. Em segundo, a verdade seria o preceito básico e indispensável para a boa convivência. Em terceiro, o mérito de cada um seria o único passaporte para o alcance da felicidade. E, por fim, tudo funcionaria com a perfeição de um corpo humano – obra máxima e inquestionável de um Deus.

Qualquer pessoa poderá se habilitar a morar neste meu mundo encantado – desde que siga aquelas regrinhas básicas.

De vez em quando visitaria outros mundos, especialmente o mundo em que vivo atualmente, para dizer das vitórias conseguidas somente com o uso da verdade.

Mas, isso tudo são sonhos. A realidade deste nosso mundo é um pesadelo. As notícias divulgadas pela mídia são estarrecedoras! Há um verdadeiro colapso ético nas nossas instituições. Mas isto tudo que estou falando não é novidade para ninguém. A novidade que choca e deprime é saber da existência de pessoas, até nos mais altos escalões do poder, que afirmam que tudo está correndo às mil maravilhas.

Há pessoas também crédulas, ou simuladoras que crêem, para usufruir das benesses do proprietário provisório do mundo da fantasia que ele inventou para administrar um sucesso que ele acredita existir.

Na História Universal, há relatos de mundos reais de fantasias. Só que estes não existem mais. A minha geração acompanhou o desaparecimento de dois deles.

Sonho de jovens de algumas gerações - o encanto mágico e fantasioso da União Soviética - transformou-se em matéria de pesquisa para estudiosos deste mundo sem fantasia. A marca do seu finito foi a destruição, pelo povo, da imensa escultura humana da Praça de Moscou e a instalação da fábrica da Coca-Cola.

Outro mundo real de fantasia há anos está em formol. Morreu com as inúmeras fugas dos seus filhos em inviáveis barcos para mundos mais humanos.

Se me fosse possível optar, gostaria de viver no meu mundo encantado. Não quero mais viver neste mundo de videntes!


Gabriel Novis Neves (7.5+138)

21-11-2010

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