segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Unanimidade

Nelson Rodrigues costumava repetir nos seus escritos, que toda e qualquer unanimidade é burra. Tinha toda razão o nosso grande dramaturgo. Além de burra, a unanimidade é mentirosa - ela não existe. Leio na internet comentários e opiniões sobre o aumentão dos deputados federais - 62 % nos seus vencimentos básicos por mês! Não contando o espetacular efeito cascata.

Apenas 11, dos 395 deputados presentes à histórica seção legislativa dos tempos modernos, ocuparam a tribuna para defender o irresponsável aumento.

Se por acaso, um inocente nas artes políticas estivesse assistindo pela TV à famigerada sessão, com toda certeza apostaria na derrota da proposta no plenário, de tão escandalosa que era.

Veio o resultado: o aumento foi aprovado com uma maioria esmagadora de votos. Embora 11 deputados tenham se manifestado contra a proposta, nas discussões preliminares, apenas 8 dos 395 votaram contrário ao aumento. Do grupinho dos 11, jogaram para a platéia, 3 deputados.

Anunciado o “surpreendente” resultado, a maioria ficou descontente. Esperavam pelo menos o dobro do aumento aprovado, e que nós iremos pagar. A justificativa predominante, e corria à boca miúda nos corredores assombrados da Câmara dos Deputados, é que os nossos representantes precisavam, nesses anos de mandato, fazer a sua independência econômica.

É de justiça registrar o nome dos deputados que votaram contra o aumento.

Foram eles: Chico Alencar, Luiza Erundina, Ivan Valente, Eduardo Valverde, Magela e Fernando Chiareli.

Todos os deputados de Mato Grosso votaram a favor do aumento.

“Esse aumento aprofunda o abismo entre a sociedade e o Parlamento”, disse revoltado o deputado Chico Alencar.

É bom lembrar que, durante a recente campanha eleitoral, esse assunto não foi abordado pelos milhares de candidatos ao Congresso Nacional.

Para remunerar condignamente os seus deputados, que a partir da próxima legislatura serão os mais bem remunerados do mundo, houve necessidade de se fazer cortes no orçamento.

A primeira conseqüência foi com relação ao aumento do salário mínimo, que será pífio.

Foram feitos também cortes substanciais, em áreas não prioritárias ao desenvolvimento nacional como Educação, Ciência e Tecnologia.

Até o falado PAC sofrerá cortes, assim como outros programas assistenciais.

Ía me esquecendo: aquela historinha de torneiras abertas para a Copa do Mundo está com a sua água bem racionada.

Enquanto isso, os fazedores de leis se esbanjam em festas do auxílio exercício de função.

Oh, Vida!


Gabriel Novis Neves

23-12-2010

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