sábado, 4 de dezembro de 2010

COMUNICAÇÃO

“Quem não se comunica se trumbica.” Um dos famosos bordões que o nosso saudoso Chacrinha, em tempos não muito remotos, pronunciava todas as tardes de sábado em seu programa de televisão.

Esta expressão, bastante popular, para a geração das minhas netas ficaria assim: “Quem não twitta se trumbica.”

A frase do Velho Guerreiro, imortalizada pelas Escolas de Comunicação do Brasil, era dita em meio a uma profusão de cores, sons, com a presença das chacretes dançando, os jurados engraçadíssimos, os calouros divertidos e a animação contagiante do auditório. Sem falar da figura marcante do apresentador, sempre rodando pelo palco, vestido com espalhafatosas fantasias e a sua inseparável buzina na mão. Este era o cenário do programa. E neste cenário, Chacrinha desfiava as suas frases.

Na comunicação oral é fácil transmitir emoção. Utilizamos o tom da voz, a expressão facial e os trejeitos das mãos e corpo. Mas, e na comunicação escrita? Fica mais complicado arrancar de nós certas emoções.

Recebi um email postado à noite. Era um PPS. As palavras escritas, emolduradas por belíssimas imagens e música suave, me passaram muita emoção. Quando é assim o nosso entendimento fica facilitado e a compreensão é instantânea.

Existem também certas mensagens escritas que dispensam esses floreios para passar a emoção de quem escreve. Vejamos um exemplo. Uma moradora da favela do Morro do Alemão deixou anonimamente, dentro de uma pequena caixa de fósforos, uma folha de caderno toda dobradinha com a seguinte mensagem:

“Liberdade, liberdade,

Abre as asas sobre nós

E que a voz da igualdade

Seja sempre nossa voz!”

A inspiração da mensagem, em forma de poesia, foi clonada da Escola de Samba da Região - a Imperatriz Leopoldinense, com a letra vitoriosa do Carnaval de 1989. Pronto! O cenário natural estava formado. E a emoção tomou conta de todos os que leram aquela mensagem.

Uma pequena explicação: geograficamente o complexo de favelas retomadas dos bandidos, tem como referência a Igreja da Penha que fica na zona da Imperial Estrada de Ferro Leopoldina. Os católicos de todos os bairros do Rio prestam a sua homenagem à Santa Milagrosa da Penha, num ato de fé, subindo os degraus da igreja de joelhos em reconhecimento a um milagre recebido.

Preciso escrever mais sobre a importância da comunicação com o tempero da emoção?

Todo o Brasil se rendeu à mensagem de esperança e fé da população daquela região. Liberdade e igualdade – agora felizmente reconquistadas.


Gabriel Novis Neves (7.5+146)

29-11-2010

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