quinta-feira, 28 de outubro de 2010

AVANÇOS DA MEDICINA

Nos últimos cinquenta anos acompanhei as conquistas científicas da medicina. Fui aluno da então Faculdade Nacional de Medicina da Praia Vermelha, do Rio de Janeiro. Tudo que aprendi com os meus mestres - como o professor de fisiologia que disputou o Nobel e perdeu para Houssay, argentino, ou o de física médica, Carlos Chagas Filho, um dos consultores científicos de Sua Santidade o Papa - não esqueci. Entretanto, não utilizo seus ensinamentos por pertencerem à história da Medicina.

Aprendi por exemplo, que homossexualismo era doença e como tal deveria receber tratamento médico. Que alcoolismo era vício, malandragem, irresponsabilidade, fraqueza humana e merecia severa punição e repúdio da sociedade.

Não é preciso ser médico para saber hoje que homossexualismo é opção sexual e não doença. Até o Código Internacional das Doenças (CID) retirou esse termo, que tinha um número para identificar a doença. O alcoolismo não tinha CID, hoje tem e não é mais aceito como vício. É uma doença e o seu portador deve ser tratado.

Freud explicava o homossexualismo como resultado de uma personalidade mal estruturada. Os seus portadores eram fugitivos da esquizofrenia, a mais grave das psicoses.

A Medicina evoluiu e muito ao desvendar certos mistérios deste produto complexo que é o ser humano. Muitas e muitas indagações dos cientistas ainda permanecem sem respostas da ciência médica.

Neste período eleitoral tenho lido, ouvido e visto tantas barbaridades que cheguei à conclusão que o Brasil está doente, muito doente. Partindo do conceito moderno de que alcoolismo é doença e o seu portador exige cuidados médicos, estou preocupado.

Deixar, em horário nobre - quando as crianças estão acordadas –, que um dependente químico fale sobre valores corroídos pela doença sem tratamento é de uma irresponsabilidade total.

Os médicos, e aqueles que convivem com esses pacientes, sabem dos delírios e alucinações produzidos pelas substâncias exógenas quando usadas por muito tempo no organismo humano. O quadro é dramático e merece o nosso maior respeito para ajudá-los.

As pessoas não acostumadas a lidar com essa doença - e principalmente as crianças, depois de presenciarem uma cena aguda daquilo que classificamos como delírio -, jamais esquecerão, ainda mais se o doente for uma pessoa bastante conhecida. É o chamado trauma psicológico de conseqüências imprevisíveis.

O lamentável acontecimento no Rio de Janeiro, com a inocente bolinha de papel e o rolo da fita crepe na careca de um candidato, ficará nos anais históricos de uma republiqueta de bananas.

O pior não foram as cenas do momento, mas as justificativas!

O Brasil está doente! Façamos alguma coisa para salvá-lo! Se a terapêutica fosse médica como o caso exige, a indicação é a internação imediata do porta-voz dos acontecimentos e desarquivar o processo do goleiro do Chile no Maracanã.

Como gostaria de sofrer uma regressão impossível aos meus tempos de aluno de medicina e ouvir dos meus mestres que alcoolismo não é doença!

Por que avançaste tanto, minha ciência médica? Para entendermos o espetáculo do Rio de Janeiro e ficarmos ainda mais preocupados com o nosso futuro?

Enfim, o tempo passou e não volta mais. É isso.


Gabriel Novis Neves (7.5+108)

22-10-2010

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.