segunda-feira, 4 de outubro de 2010

CHOVE CHUVA

A natureza emite muitos sons, e dentre eles, o tranqüilizante murmurinho da chuvinha fina caindo no asfalto, é, para mim, o mais relaxante. A madrugada foi chuvosa, mas ao clarear do dia a chuva parou. Uma pena! Era para chover pelo menos três dias sem parar, após mais de três meses de seca e incêndios.

Enquanto a chuvinha dá uma trégua, vou à caminhada. O asfalto umedecido parece agradecer à mãe natureza as refrescantes gotículas recebidas. Nada de poças de águas pelos buracos das calçadas e ruas. São Pedro está querendo economizar. Pelo menos posso dizer que, mesmo atrasada aconteceu a chuva da manga e do caju. Olho para o céu e ainda vejo algumas nuvens de fumaça - a chuvinha foi longa, mas não forte o suficiente para eliminar este flagelo. Tem que chover mais, e eu “não vou fazer nenhuma prece para Deus nosso Senhor pedindo para a chuva parar.” Repito: eu quero que chova pelo menos três dias sem parar.

As estações do ano estão tão alteradas, que o meu neto de oito anos me disse que o tempo ficou doido e ele estava sentindo frio. Os ambientalistas e cientistas, que nunca foram ouvidos pelos matadores do nosso meio-ambiente, há muito estão alertando que a natureza não suporta mais agressões.

Florestas são destruídas para a criação de gado e produção de grãos. Os rios, contaminados pelo mercúrio dos garimpos, e com as suas nascentes desviadas por motivações econômicas, aos poucos veem desaparecer sua população - os peixes. O esgoto a céu aberto transformou o nosso rio Cuiabá em córrego, cuja travessia em grande parte do ano é feita a pé. As geleiras estão degelando. O planeta aquecendo. Reuniões internacionais são programadas para se discutir o extermínio da vida na terra. A última dessas reuniões ficou conhecida como a farra na Dinamarca. Mato-Grosso não podia faltar a esse mega-evento. Compareceu à reunião com uma delegação bem maior que a da americana. Foi tudo para inglês ver.

Chove chuva! Chove sem parar! Venha nos salvar deste deserto de irresponsabilidades.


Gabriel Novis Neves (7.5+88)

02-10-2010

Um comentário:

  1. As queimadas assassinas, Dr. Gabriel, também calaram o canto das cigarras. Na verdade mataram as nossas cigarras.
    Veio, meio sem força, a chuva do caju e da manga, mas as nossas cigarras ficaram pelo caminho...
    Que tristeza!

    ResponderExcluir

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.