sexta-feira, 22 de outubro de 2010

PARA PEDRO

José Mendes compôs uma ingênua canção que retrata com simplicidade um baile lá na serra, onde um ilustre convidado chegou mexendo com todo mundo. Os antigos ainda se lembram dos serviços de alto-falantes das cidadezinhas do nosso Estado. Ao anoitecer, para a alegria da sua população, tocava o - “Para Pedro, Pedro para” - refrão repetido quatro vezes.

Não sinto nostalgia desses tempos que não voltam mais, mas não nego a beleza simples e inocente daquele cenário que vi tantas vezes!

Duas semanas após as eleições, somente duas, leio no noticiário que o nosso Pedro não foi ao baile da serrinha, porém ao almoço do Manso.

Como por encanto ressurge o cenário que achava perdido pelos anos - do baile da serrinha com o refrão: “Para Pedro, Pedro para.”

O cérebro humano é uma caixinha maravilhosa. Apaga as coisas sem importância e mesmo com o decorrer do tempo guarda aquilo que um dia nos encantou.

A natureza nos ensina que tudo tem o seu tempo para acontecer. Na primavera as nossas calçadas são premiadas pelo amarelo das flores das árvores. O povo passa e diz - chuva de ouro, que beleza!

Para presenciar essa beleza da natureza esperamos meses. As plantas e as árvores nascem a partir de uma pequena semente e transformam-se em cenários os mais diversos e perfeitos, mesmo nas suas formas bizarras.

Em nome da beleza e da perfeição, a natureza jamais acelera o seu processo, como nesse injustificável e prematuro almoço. Ninguém aceita que foi para preparar uma convivência parlamentar em Brasília, de quatro anos. Atenção revisão! É isso mesmo: quatro anos.

A sabedoria popular recomenda o resguardo para uma série de situações que enfrentamos. Depois de meses de campanha “pesada” em que a tônica foi “quê dê o dinheiro das máquinas?”, há um período mínimo necessário para a cicatrização da ferida aberta. Duas semanas? Só por milagre acredito ser possível, em nome de Deus, e não no alegado interesse do Estado! Ah! Dá licença!

Fico imaginando a cena do acusador na casa do réu, tudo por amor ao nosso povo! E os que ficaram sabendo das estripulias do baile da serrinha e que insistentemente pediam ao Pedro para parar, e no Manso para não ir?

Haverá tempo para almoços, passeios de lancha no lago Paranoá e quatro anos em Brasília, campo neutro para demonstração de educação política. Os interesses públicos serão tratados, acima dos pessoais, com transparência e compromissos com a nossa gente. Tempo haverá para desfazer o mito que todo político é farinha do mesmo saco. Também limpar a péssima impressão deixada pelo almoço da submissão no Manso.

Para Pedro, Pedro para.


Gabriel Novis Neves (7.5+106)

20-10-2010

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