terça-feira, 19 de outubro de 2010

Números

Sempre fugi dos números, um dos motivos de ter escolhido a medicina como profissão. A medicina, que muitos insistem em afirmar ser uma ciência, não é exata. Alguns a chamam de arte e, outros, de a ciência das evidências. Pensei que no exercício da medicina jamais me defrontaria com os terríveis números. Doce ilusão!

O médico trata de humanos, mas seus equipamentos básicos dependem da leitura e interpretação de números: medir a pressão arterial, contar o número de batimentos cardíacos e respiratórios, assim como verificar a temperatura corporal e peso dos pacientes. A medicação é efetuada mediante cálculos matemáticos complexos, envolvendo o número de anos vividos e o peso do paciente, para a fórmula salvadora - sempre em números.

Não há como evitar os números na nossa vida. O nosso nascimento é composto de dia, hora, mês e ano. Tudo são números. E os números irão marcando a nossa trajetória, que se encerra com o número do dia, hora, mês e ano. Esses números obedecem a certa lógica, que correspondem ao nosso ciclo vital.

Entretanto, há números sem explicações convincentes, incompreensíveis mesmo. Analiso o resultado dos números das últimas eleições. Não consigo entender. A matemática é uma ciência exata - tão diferente da medicina!

Mas como explicar, pela matemática, que um candidato ao Senado, avaliado pelas pesquisas com 92% de aprovação, após a apuração dos votos aparece somente com minguados 37%?

E um candidato ao governo do Estado, de uma coligação sem partidos fortes e apoio ostensivo da máquina administrativa, marcar presença com 32% dos votos, praticamente o dobro dos votos do candidato da coligação de dois dos maiores partidos do Brasil?

Para quem quer fugir dos números, tem mais. Outro candidato, sem militância político-partidária, funcionário público federal concursado, de um pequeno partido político fracionado, virgem de eleições, conseguiu abocanhar 25% dos eleitores, ficando com uma vaga do Senado.

Um dos derrotados pelo senador eleito e apelidado de taxi fez até um filme com o presidente da República, que de tão artificial, só fez diminuir o número dos seus votos.

Não contando que a candidata-ministra foi aconselhada a não fazer campanha por aqui, pois o seu grande cabo eleitoral sozinho daria conta do recado. Resultado dos números apurados: a ministra ficou em 2º lugar, perdendo para um candidato que nem tinha comitê no Estado.

A seringueira com 20 milhões de votos encantou o Brasil e surpreendeu o mundo.

Realmente não entendo nada de números e a matemática nunca foi uma ciência exata, pelo menos na política.


Gabriel Novis Neves ( 7.5+94)

09-10-2010

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