sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Tiro o chapéu

Embora crítico daquilo que ouço e vejo no período eleitoral, em nome da verdade confesso que tiro o chapéu para os humoristas que, como dizem, andam de mãos dadas com a política. Apreciador que sou das pequenas coisas e detalhes do nosso dia a dia, nunca recebi tantas pequenas informações como agora. É o mundo globalizado onde não há lugar para segredos e privacidade.

A retirada do primeiro mineiro, que há setenta dias estava soterrado nas minas do Chile, foi acompanhada por mil e quinhentos jornalistas de todo o mundo. A disputa pela melhor imagem gerou até briga entre eles. Todos queriam registrar o momento feliz de uma grande tragédia.

Daqui para frente esses bravos operários serão celebridades e não me espanta se aparecerem no Faustão. Ô loco! Adeus confinamento, solidão, solidariedade e privacidade. Terão que aprender a viver como celebridades e serão sempre notícia.

Li no jornal Folha de São Paulo, de grande circulação no Brasil, uma manchete que revelava um pequeno detalhe, se o personagem não fosse celebridade no momento: “A ministra não sabe fazer o sinal da cruz!” Uma seqüência de fotos mostra a sua falta de afinidade com os rituais da Igreja Católica durante a missa da Padroeira do Brasil. Mesmo tendo a sua esquerda o Chalita que está de mal com o Serra, não conseguiu colar os gestos do escritor católico, autor da biografia da esposa do Alckmim.

As celebridades políticas são as mais perseguidas pela mídia dos detalhes e do humor - mais do que artistas e jogadores de futebol. Por isso o governo fez de tudo para não permitir os programas humorísticos envolvendo políticos. Desta vez não conseguiram. Quando não existir mais indignação nesta nação, acabarão os humoristas.

Todos se lembram do caso do envolvimento da estagiária da Casa Branca com o presidente. Como rendeu este caso! Falam por aí que se escreveu mais sobre esse deslize do presidente, que sobre a participação americana na segunda Guerra Mundial.

O nosso presidente de Juiz de Fora é mais lembrado pela sua participação no camarote de carnaval com a modelo sem a calcinha, do que como o pai do Plano Real, que extinguiu a inflação no Brasil.

O Brasil é notório pelo seu senso de humor e a prova disso são as lotadíssimas salas de teatro que estão faturando horrores com o tema “humor e política.” Há um consenso nacional que o detalhezinho é hilariante. Proponho mudar o Horário Eleitoral Gratuito, por um bom Programa de Humor Político, e não pelo Horário de Verão.

E a foto da ministra sem saber fazer o sinal da cruz na sua – acredito - primeira missa?

Tiro o chapéu para o jornalista fotográfico da Folha.


Gabriel Novis Neves (7.5+99)

13-10-2010

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