Você vota?

A pergunta que mais recebo nesta reta final de campanha política é: “Você ainda vota?” Respondo que sim, e acrescento que ainda respiro, ando sem bengala, dirijo máquinas com velocidade reduzida, me alimento, trabalho, durmo e sonho. Ia me esquecendo - pago impostos superfaturados para o governo.

Para o idoso é facultativo o voto, daí a curiosidade. Defendo o voto não obrigatório para todos. Por que somos obrigados a votar em candidatos que não são obrigados a cumprir o que prometem?

Vou votar, sim. Contra os falsos profetas. Contra os que abusaram dos pobres. Contra os que utilizaram mal os recursos públicos, muitas vezes em benefícios próprios. Vou votar pela maioria da população que sofre resignada, pois não tem para quem apelar. Vou votar contra os falsos moralistas. Vou votar contra a prepotência, arrogância e a mentira. Vou votar pelo Brasil.

Muitos me perguntam sobre os assuntos do momento, confundindo sabedoria com idade. Nada a ver uma coisa com outra. Mas, sempre me esforço para atender essas solicitações. A maioria dos assuntos é relacionada com o período eleitoral. Depois cai no mais profundo esquecimento.

Exemplo: a questão da aposentadoria dos velhinhos. É uma chaga que não cicatriza na nossa sociedade, mas ninguém se interessa pelo seu tratamento. Acompanho os aumentos em euros de algumas categorias privilegiadas de brasileiros, geralmente habitantes dos viveiros das cobras criadas pelo nosso sistema político. Para os velhinhos do INPS, após anos sem aumentos, o Congresso, pela maioria absoluta dos parlamentares da base de sustentação do governo, negou uma correção de menos 8%, dizendo que essa migalha quebraria a bem administrada previdência e o Brasil. Alguém acreditou? Nós tivemos um parlamentar de Mato-Grosso, que votou contra esse absurdo de aumento, mas não abriu a boca para condenar o que aconteceu na Casa Civil. Por quê?

É por isso que não irei me privilegiar da lei, e irei votar sim.

Gabriel Novis Neves (7.5+75)

19-09-2010