domingo, 31 de outubro de 2010

Mestre

É sempre bom ler e reler os ensinamentos dos nossos grandes mestres. Estou com um texto maravilhoso de Rubem Alves. Como me identifiquei com ele!

Ao ler o pensamento de Nietzsche – “mesmo o mais corajoso entre nós só raramente tem coragem para aquilo que ele realmente conhece.”- Rubem Alves diz: “É o meu caso. Muitos pensamentos meus, eu guardei em segredo.” Com relação a esta coragem ele cita Alberto Camus: “Só tardiamente ganhamos a coragem de assumir aquilo que sabemos. Tardiamente. Na velhice. Como estou velho, ganhei coragem.”

Destaco os seguintes pensamentos de Rubem Alves, pois o momento exige:

- A democracia é o governo do povo. Não sei se foi bom negócio; o fato é que a vontade do povo, além de não ser confiável, é de uma imensa mediocridade. Basta ver os programas de TV que o povo prefere.

- O povo prefere os falsos profetas aos verdadeiros, porque os falsos mentem. As mentiras são doces; a verdade é amarga.

- Na Bíblia, o povo e Deus andam sempre em direções opostas. Bastou que Moisés, líder, se distraísse na montanha para que o povo, na planície, se entregasse à adoração de um bezerro de ouro.

- Os cristãos, de comida para os leões, se transformaram em donos do circo.

- Os indivíduos, isolados, são seres morais. Mas quando passam a pertencer a um grupo, a razão é silenciada pelas emoções coletivas.

-... Mas, uma das características do povo é a facilidade com que ele é enganado. O povo é movido pelo poder das imagens e não pelo poder da razão. Quem decide as eleições e a democracia são os produtores de imagens. O povo não pensa. Somente os indivíduos pensam. Mas o povo detesta os indivíduos que se recusam a ser assimilados à coletividade. Uma coisa é a massa de manobra sobre a qual os espertos trabalham.

- Tenho medo de que, num eventual triunfo do gosto do povo, eu venha a engolir sapos e a brincar de “boca-de-forno.”

- De vez em quando, raramente, o povo fica bonito. Mas, para que esse acontecimento raro aconteça, é preciso que um poeta entoe uma canção e o povo escute:

- Caminhando e cantando e seguindo a canção. Isso é tarefa para os artistas e educadores.

- O povo que amo não é uma realidade, é uma esperança.

Às vésperas de uma eleição tão importante, o velho escriba do interior achou oportuno pescar esses sábios pensamentos de um professor e escritor da metrópole.


Gabriel Novis Neves (7.5+105)

16-10-2010

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