quarta-feira, 27 de outubro de 2010

E o trem?

Conheci e muito o sonhador cuiabano Vicente Emílio Vuolo, que desejava trazer para a sua cidade a tão necessária e esperada ferrovia. Fui contemporâneo do menino do Coxipó. Tudo que fazia, desde criança, era superior à média dos seus colegas. Foi craque de futebol quando a maioria dos seus amigos nem sabia cabecear a bola de capotão, salvando o cocuruto da costura dolorosa. Advogado, administrador público e político de sucesso.

Como Senador da República, apresentou no Congresso Nacional o projeto da ferrovia para Cuiabá, transformado em lei após muito trabalho. Enquanto esteve neste plano espiritual, a ferrovia caminhou e muito. Conseguiu, do governo do Estado de São Paulo, ajuda para o início da ponte rodoferroviária sobre o rio Paraná, ligando os dois Estados.

Essa grandiosa obra da ponte, comandada por Vuolo, começou no governo Sarney e terminou no governo FHC. Vuolo adoece. A obra para. Nos últimos anos de vida, mesmo com a saúde debilitada, ele trabalhou para que os trilhos chegassem à divisa de Mato Grosso com Mato Grosso do Sul. Depois avançaram até o Alto Taquari e empacou desde então. Segue lentamente, quase parando, rumo a Rondonópolis.

O primeiro empresário interessado na execução do projeto repassou para terceiros. Sei que o atual consórcio, responsável pela chegada dos trilhos até Cuiabá, devolveu a concessão ao governo federal.

Não se discutiu este assunto em período eleitoral. Houve um pacto dos nossos políticos para só comunicar à população que o trem do Vuolo, como é carinhosamente chamado pelos cuiabanos, ficará em Rondonópolis, após as eleições.

Existem recursos federais já assegurados para a chegada da ferrovia dos sonhos em Rondonópolis, e não Cuiabá, como determina a lei, dentro de dois anos.

Depois tomará outros rumos.

Este não foi o trajeto que um dia o doutor Domingos Iglesias entregou ao Senador Vuolo e foi aprovado pelo Congresso Nacional e sancionado pelo senhor Presidente do Brasil.

O silêncio sobre esta importante conquista dos cuiabanos que está sendo roubada me preocupa. Sempre desconfiei que houvesse um conluio para anemizar economicamente Cuiabá.

Ainda mais agora que os líderes que obedecem cegamente Brasília foram estrepitosamente derrotados nas urnas de 3 de outubro, em Cuiabá.

Os entusiastas e sonhadores com a ferrovia para Cuiabá daqui a pouco ficarão sabendo do golpe sofrido! Esperanças por dias melhores começam a ser substituídas pela revolta da traição. Outras decepções estão na agenda dos cuiabanos.

A renovação política tão desejada ficou no desejo da maioria desta quase tricentenária cidade. As fazendas do nosso grande Estado possuem donos com votos necessários para bloquear qualquer sinal de desenvolvimento da cidade-mãe.

Cuiabá ficará sem o trem do Vuolo! O silêncio sobre o assunto é assustador. Até agora não ouvi ou tive notícias de nenhum protesto, e prestem atenção que aprendemos a reclamar de tudo.

Nos últimos oito anos o investimento no projeto da ferrovia para Cuiabá foi simplesmente inexistente. Alguém consegue explicar o motivo?

Falta de um líder político importante para defender os interesses da nossa cidade? Medo de contrariar as empresas do asfalto, tão compreensíveis nos financiamentos das campanhas políticas?

Entendam como queiram. Justifiquem da maneira mais politicamente correta. Que houve alteração de uma lei federal com relação ao traçado proposto e aprovado, isso houve.

Eu gostaria que o sonho do Senador do Coxipó fosse realizado.


Gabriel Novis Neves (7.5+110)

24-10-2010

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