sexta-feira, 2 de outubro de 2009

O Moribundo



“Esta semana o Brasil ganhou um novo espaço para o teatro. O Teatro Universitário, em Cuiabá, foi inaugurado segunda feira última com a peça Macunaíma, em temporada no Rio de Janeiro. A festa contou com a presença de Tônia Carrero, representando os atores brasileiros a quem o novo teatro quis prestar homenagem. Um convite a que visitem Mato Grosso. O Teatro Universitário, dentro do campus da Universidade Federal de Mato Grosso, cederá agora seu palco aos grupos experimentais e amadores do Estado e representará, também, uma nova alternativa de rota para cultura brasileira. Do roteiro litorâneo para a interiorização amazônica, a caminho do velho teatro de Manaus.” Este texto é de Cremilda Medina, crítica de arte e publicado no jornal “O Estado de São Paulo” em 14.02.1982.

Eduardo Portella, ex-ministro da Educação comenta em artigo intitulado: Uma universidade integrada ao meio. “A Universidade, antes de ser um recinto destinado à transmissão do saber, é o insubstituível lugar da consolidação do homem. Por isso mesmo, ao lado das suas obrigações acadêmicas, cresce o seu compromisso social. E é precisamente nesse horizonte comunitário onde o seu perfil se define e, a toda hora, adquire a consciência maior”.

Defensor da iniciativa desde o momento em que durante a sua gestão lhe foi apresentado o projeto do novo Teatro, Portella reconheceu nesse novo palco de Mato Grosso “um núcleo produtor e distribuidor de cultura. Um elo com a sociedade.” Após gentilezas ao gestor local, diz ser o reitor da UFMT “um paradoxo: o mais jovem em idade e o mais velho em atividade, nas universidades públicas brasileiras.” Portella conclui o seu artigo afirmando que onze anos de trabalho em silêncio foi a estratégia empregada para a colheita abundante da chamada Universidade da Selva.

Na solenidade de inauguração do Teatro Universitário o jornal “O Estado de São Paulo” registra a fala do reitor em uma frase: “ Esta não é uma noite de inauguração e sim uma noite de integração”. Tônia Carrero entra no palco sob aplausos. Ídolo do teatro brasileiro, estava em Cuiabá para representar os atores brasileiros numa homenagem que o Teatro Universitário lhes prestava ao estrear o seu palco. Visivelmente surpresa diante do espaço confortável, acolhedor, tecnicamente perfeito para um artista atuar, Tônia não se contem nos elogios à Universidade Federal de Mato Grosso por compreender dessa forma o papel da cultura. Encantada, presta seu testemunho: “As universidades no Brasil são frias. Não conheço nenhuma outra que, como esta, sirva assim à coletividade. (Talvez a de Brasília, um dia, já foi uma universidade voltada para a comunidade. Hoje não).O palco deste teatro será daqui para frente o palco do povo. Servirá certamente a muitos debates, assim como servirá a muitos artistas. E principalmente aos grupos de teatros locais - também a nós é claro. Temos agora uma excelente casa como alternativa de roteiro dos nossos espetáculos”.

Tônia Carrero introduz então “Macunaíma”, o espetáculo dirigido por Antunes Filho, que inaugura o novo teatro.

A Gazeta de Cuiabá no seu caderno “E” de 09 de setembro de 2009 escreve:
“Morte Anunciada.” - “Um Teatro que agoniza.”

Será que a expectativa de vida de um teatro em Cuiabá não chega aos 30 anos?

Com a palavra a população de Cuiabá.


Gabriel Novis Neves
10.09.09

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