sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Comeram o “h”



Tenho um irmão que herdou o nome do meu pai - nascido em fins do século XIX. É um nome incomum. A herança do nome veio com a ortografia da época com y e th. Ele foi registrado assim. O seu filho, neto do velho do século XIX, também tem o mesmo nome com y e th. Quando quero sacanear o meu irmão escrevo o seu nome sem o y e h. Ele me devolve a correspondência alegando que o nome do destinatário está incorreto. O mesmo orgulho tem o seu filho de trinta anos com relação ao seu y e th.

Quando em período de alfabetização no trajeto para a escola pública ia soletrando o nome das lojas comerciais. Era um treinamento. Passei meses sem entender o ph da farmácia Rabelo. Soletrava, soletrava e dizia a mim mesmo: “- ta errado. Farmácia escreve com F e não com Ph, foi o que aprendi na escola.”

A ortografia muda e agora está mudando. A moeda então nem se fala. Vou tentar lembrar: tostão, vintém, réis, cruzeiro, daí para frente não observando a ordem cronológica – cruzeiro novo, cruzado, cruzado novo, URV e real. Será que acertei?

Nomes próprios, mesmos os mais incríveis, registrou em cartório é com ele que vamos viver. Através da justiça é possível acrescentar apelidos: Lula, Mão Santa, Sarney, Garotinho e tantos outros. O que me chama atenção no momento é onde colocaram o “h” do Theatro. Não consigo imaginar o Theatro Municipal do Rio de Janeiro e a data da construção do prédio em números romanos, após uma reforma, perder o seu h e os números romanos substituídos por números arábicos.

Onde colocaram o h do nosso Cine-Theatro?

Gabriel Novis Neves,
24.05.09

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.