terça-feira, 20 de outubro de 2009

Ainda sobre o Dia dos Médicos

Quando recém-formado retornei à Cuiabá, na segunda metade do ano, para exercer a minha profissão de médico, logo participei da festa de São Lucas. Éramos poucos médicos na cidade de menos de 100 mil habitantes. Para coordenar os festejos de 18 de outubro era sempre escolhido um rei (médico) e uma rainha (esposa de médico). A festa consistia em uma missa na Capela da Santa Casa, seguida de chá com bolo e logo um almoço em lugar previamente escolhido. Os festeiros se encarregavam de tudo: dos convites, dos presentes para as crianças filhos e filhas dos médicos, do almoço e das sobremesas. Não havia show e nem se pensava em terceirizar aquele serviço que era feito pelos festeiros e comunidade médica, com muito amor. Jamais poderia imaginar que um dia esta data fosse utilizada como dia de protesto pelo descaso das nossas autoridades pela saúde pública!

Ontem, em vez da missa na Capela da Santa Casa, estava em cima de um caminhão com centenas de colegas pedindo proteção a São Lucas e ao Nosso Senhor Bom Jesus de Cuiabá. Médico na rua significa hospital sem médico. E o que pedimos é tão pouco! Queremos apenas ser tratados como Lucas era tratado por Paulo – que sempre se referia a seu médico Lucas, como “meu amado médico”.

Repudiamos o tratamento dos governantes temporários em nos qualificar como mafiosos, mercenários e preguiçosos. Nós médicos temos serviços permanentes e, não sazonais, prestados à sociedade.

Os institutos de pesquisas no Brasil demonstram, com isenção, a opinião da população com relação aos médicos e com aqueles que adotaram a política como profissão. Queremos dignidade, condições de trabalho e respeito por parte dos interinos que exercem o poder.

Durante a “procissão” do dia de São Lucas na carroceria de um caminhão, senti o carinho de aprovação da população de Cuiabá ao movimento dos médicos. Os humildes na rua nos trataram como Paulo se referia à Lucas. Senti-me amado pela população!

A resolução deste incrível impasse só será resolvida pelo protetor de Cuiabá – o Nosso Senhor Bom Jesus.

O final da “procissão” foi ao lado da Matriz, não por acaso, ou porque os interinos do poder passam por ali e sim porque o nosso padroeiro estava lá.

Continuo de luto pela morte da Saúde Pública!

Gabriel Novis Neves
20-10-2009

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