sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Final de Festa



Quase não vou às festas. Os motivos são simples de serem explicados. Primeiro não sou convidado. Quando isso acontece, são aniversários familiares e as comemorações ficam pelo almoço. Em segundo lugar, tenho crise de preguicite aguda quando o convite chega à minha casa. O diagnóstico de preguicite pode ser feito por qualquer leigo. Os seus sintomas são inconfundíveis: vontade de ficar deitado na cama, mal estar em pensar naquele preparo para festa, tomar banho, fazer a barba, colocar a gravata...

O consciente é eliminado na crise aguda da preguicite e fico horas sem pensar, sem ouvir, vendo filmes impossíveis do futuro. Mas mesmo sem freqüentar as festas, saboreio o melhor que é o seu final.

Quem é festeiro mesmo, não sai da festa direto para a casa.

Mesmo com o dia amanhecendo observo cenas de rara riqueza. Que o diga o meu colega de madrugada o Luizinho Soares.

O final da festa produz visões que até o Nelson Rodrigues duvidaria. Já vi um carro chiquérrimo, lentamente, quase parando em minha direção com uma bunda jovem e lindíssima na janela do carona. Aplaudi o espetáculo e a motorista resolveu dar uma nova volta no quarteirão. Desta vez o espetáculo foi melhor - outras partes anatômicas apareceram.

As expressões verbais ditas pelos que estão em final de festa, são de um bom humor saboroso: “Volta para casa velho, vá cuidar da sua mulher! O porteiro já subiu...”. Bacana né?

Hoje vi perto da feirinha do quartel alguns carros de final de festa, com som ligado dentro dos padrões oficiais, onde vários jovens bebiam, dançavam e se beijavam. Tudo bem se não fossem dois rapazes que apaixonadamente extravasavam o seu amor com prolongados beijos na boca.

Que coisa linda o final de festa nos proporciona!

Gabriel Novis Neves
23.05.09

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