terça-feira, 13 de outubro de 2009

477

A última ditadura militar criou o decreto nº 477 na área da educação. O jovem ao entrar na Universidade, geralmente é um idealista. Ao sair, às vezes, se transforma em um canalha. A finalidade do “477” era punir sumariamente, sem possibilidade de defesa, professores e alunos que não concordavam ideologicamente com o governo revolucionário implantado no país.

Milhares de jovens tiveram o seu futuro comprometido pela arbitrariedade dos generais. Muitos reitores, dependentes do DAS do cargo, se comportavam como pau-mandado do sistema. Exceções para o saudoso Pedro Calmon da ex-Universidade do Brasil do Rio de Janeiro. Ante a ameaça de invasão da Universidade pelos militares, se colocou à porta da reitoria dizendo que o único jeito de se entrar na Universidade era através do vestibular.

Outro reitor de Universidade Federal, com longo mandato, e que nunca aplicou o decreto “477”, foi o da UFMT. Todas as semanas era convidado para dar explicações no SNI. A UFMT foi a primeira e única Universidade Federal que praticou a anistia aos professores cassados antes da Lei Federal. A história está à disposição dos estudiosos. Os líderes estudantis, antiditadura da época, hoje estão no poder. Meu Deus! Não acredito nas atitudes daqueles líderes. Eles que “lutaram” tanto pela redemocratização do Brasil, agora são exímios ditatorizinhos. Esqueceram-se do que aprenderam na UFMT. Hoje são alunos, à distância, de Chávez, Ahmadinejad, Khadafi e o moribundo Fidel.

Aqui decretaram o “477” na saúde pública. Além da atitude truculenta, humilharam Cuiabá comparando-a a Sapucaí do Sul, (cento e vinte e seis mil habitantes), São Jerônimo (vinte mil habitantes), Canela (quarenta mil habitantes). Para coroar o ato da terceirização do SUS trouxeram uma empresa com nome de museu – MASP – cuja credencial maior é servir a Brigada Militar, que se não me engano, é de Pelotas. Francamente! Como dizia o nosso líder Brizola: esta é uma atitude que não atende em absoluto às necessidades dos mais pobres.

O governo municipal perdeu o rumo. O desastre já aconteceu. O governo estadual não está nem aí. Venceu a insensatez. Que se danem os pobres! A ponte aérea da saúde para São Paulo foi restabelecida para os poderosos e ricos.

Como defender esta atitude tomada pelo governo municipal? Faltou sensibilidade política na condução dos problemas dos médicos. A vaca foi para o brejo, e as “autoridades” responsáveis por esta violência, jamais serão esquecidas.

Pobre Cuiabá! Tão carente de homens públicos! Privatizar serviços de saúde do mesmo modo como privatizam serviço de coleta de lixo, é uma agressão que irá manchar para sempre a cidade verde.

Ainda há tempo para que o instinto autoritário nessa negociação, entre médicos e governo, seja extinto e assim demonstrar à população que somos racionais e civilizados.

Vamos pacificar a saúde pública em Cuiabá com um ato de tolerância entre médicos e governo, que nos credenciará a receber o Prêmio Nobel da Paz em 2010 – ano de eleições.

Abaixo o “477” para a saúde!

Gabriel Novis Neves
10-10-2009

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